A dois meses para o início da quadra chuvosa, a expectativa do cearense aumenta. Esperança de ver o verde despontar e a água escorrer pela barragem dos açudes. Chuva ansiada e necessária para mitigar a estiagem que assola a região central do Ceará há sete anos e coloca todo o Estado em situação de alerta. Mesmo sem estar totalmente caracterizado, o El Niño - fenômeno associado à redução de chuvas no Estado ? tem 57% de chances de ocorrer, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Entretanto, a indicação é de que o fenômeno seja de intensidade fraca, podendo chegar a moderada.
O fenômeno causado pelo aumento da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico. Sua ocorrência aumenta a irregularidade e diminui as médias mensais das precipitações durante a quadra chuvosa (fevereiro, março, abril e maio). Conforme Raul Fritz, supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, o sistema ainda não está totalmente caracterizado porque é preciso haver ligação da água mais aquecida com a atmosfera ? quadro que ainda não é identificado. "Está se prevendo um El Niño de intensidade fraca, podendo chegar a moderada. Se fosse intenso, a influência seria maior".
"Isso se dá devido à quantidade de água quente abaixo da superfície do mar para alimentar o fenômeno e à área de água quente na superfície do Oceano Pacífico", detalha Fritz. Outro fenômeno que influencia nas precipitações é a Zona de Convergência Intertropical (ZCI). Principal sistema indutor de chuvas regulares no Estado, a ZCI só atinge previsibilidade suficiente em janeiro. No sistema, a superfície do Oceano Atlântico fica mais aquecida abaixo do Equador em relação ao norte do Equador.
Conforme Friz, um El Niño mais forte ocorre em menor número. Foram 25 desde a década de 1950. "O último El Niño forte aconteceu entre 2015 e 2016. O penúltimo, entre 1997 e 1998, antes, em 1982 e 1983", recupera. Dos 25, dez foram fracos, sete moderados, cinco de forte intensidade e três muito fortes.
A última vez que o fenômeno se apresentou com intensidade moderada foi em 2009. No entanto, como começou depois da estação chuvosa, não prejudicou a incidência de chuvas. As precipitações foram 73% acima da média. No ano seguinte, foram 42% abaixo da média. A última vez que o El Niño foi fraco, em 2014, as chuvas foram 32% abaixo da média.