Reuniões, aulas públicas, grupos de trabalho e outros espaços de encontro. De acordo com professores, estudantes e representantes de entidades sindicais, o momento é de unir forças para defender a autonomia das Universidades e a liberdade de cátedra.
Segundo a professora Helena Martins, do curso de Publicidade e propaganda da UFC, os acontecimentos recentes criaram um clima de incertezas. "Ainda está todo mundo digerindo o processo, tentando entender, vendo quais vão ser as medidas concretas que vão ser estabelecidas" para a educação no governo de Bolsonaro.
[SAIBAMAIS]
Entretanto, Helena lembra que no segundo turno houve mobilizações em várias universidades brasileiras, assembleias estudantis e aulas públicas contra o fascismo e a favor da democracia e que algumas dessas atividades continuam acontecendo. "Imagino e espero que isso vem a crescer no processo de resistência para a manutenção da Universidade". Afirma.
Também na UECE, organizações em defesa da democracia criadas durante período eleitoral abarcam a preocupação com o futuro da Universidade. É o caso da "Frente de Esquerda Antifascista", formada por estudantes e professores da instituição de ensino quando começaram os casos de violência relacionados à política.
"Alunos chamaram professores e sindicato, e a Frente está se reunindo para falar sobre os ataques às Universidades" Explica Sambara Paula Ribeiro, presidente do Sindicato de Docentes da Universidade Estadual do Ceará (SindUECE).
O professor Arthur Petrola, do curso de Psicologia da UECE, relata que a partir de uma aula pública sobre política realizada semana passada na Universidade surgiu um coletivo supra institucional para promover ações a favor da democracia. Segundo ele, estas e outras iniciativas são pensadas levando em consideração a necessidade de ir além do ambiente acadêmico, aproximando as Universidades das população em geral.
As incertezas sobre o futuro da educação pública também têm deixado educadores universitários apreensivos. Além da já anunciada transferência das Universidades Federais do Ministério da Educação para o Ministério da Ciência e Tecnologia, outras propostas apresentadas pelo presidente eleito ou pela sua equipe são controversas.
"É temeroso o que se anuncia de políticas públicas para universidades." Comenta a professora Helena Martins, citando propostas como a "de privatizar a universidade, cobrando taxas de matrícula", noticiada pelo jornal o Estadão em 22 de outubro.