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A riqueza que vem do lixo
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A riqueza que vem do lixo

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Seu Iranildo Lopes, 40, mais conhecido como Hulk, há vinte anos tira do transporte de entulho a sua principal fonte de renda. A maior parte dos serviços são feitos na Leste Oeste, onde mora. Mas desde o ano passado, o modo como faz seu trabalho está diferente.

 

Ao invés de despejar o entulho em terrenos baldios ou na via pública, leva o material para o Ecoponto mais próximo. Ele é um dos participantes do E-carroceiro, programa da Prefeitura de Fortaleza, que além de oferecer capacitação, deu aos carroceiros uma oportunidade de aumentar a renda, já que o entulho quando descartado no local correto é remunerado com créditos a serem gastos no comércio local, uma parceria com o Banco Palmas.

 

"Já consegui aumentar a minha renda para mais de R$ 1,5 mil por mês, consegui mais clientes e já estou, inclusive, podendo ajudar com pensão para as minhas filhas". Também diz que passou a ser mais vigilante com o próprio lixo doméstico. "Separo tudinho".

 

Em pouco mais de um ano, o sistema gerou um crédito total de R$ 133,5 mil para 49 carroceiros. A ação integra o projeto-piloto do Ecopolo da Leste Oeste que inclui instalação de 12 lixeiras subterrâneas, quatro Ecopontos, 1,5 km de ciclofaixa, novas faixas para pedestres, sinalização e gradis no canteiro central.

 

O secretário Luiz Alberto Saboia, da SCSP, diz que a Leste Oeste, escolhida por ser até então a região onde havia mais descarte irregular de lixo, acumula resultados positivos, como o aquecimento do comércio local, o fim de 19 pontos de lixo irregulares, o aumento da arrecadação de 7,5 mil toneladas de resíduos nos ecopontos e mais economia para Prefeitura com serviços de limpeza. "A ideia é levar para todos este projeto do Ecopolo, para todos os bairros, até 2020".

 

Todo resíduo que não é aproveitado pelo Programa Recicla Fortaleza vai para a Gás Natural Renovável Fortaleza (GNR Fortaleza), primeira usina de produção de biogás do País, a partir do lixo produzido em Fortaleza, que é administrada pelo consórcio privado Ecofor Ambiental.

 

Este material, desde o início deste ano, passou a integrar a matriz de distribuição da Companhia de Gás do Estado (Cegás). "Hoje, 15% do gás natural que é fornecido para consumo residencial, industrial, comercial e automotivo de gás natural é proveniente do Aterro da Região Metropolitana", diz o presidente da Cegás, Hugo Figueiredo. Saboia acrescenta que a Prefeitura está desenvolvendo tecnologia para abastecer os carros elétricos com o gás.

 

A SÉRIE

 

Esta é a última reportagem da série Economia Sustentável. No domingo, 11, O POVO trouxe cases de gestores que já aprenderam e aplicam práticas sustentáveis no Ceará e como universidades do Estado fomentam as pesquisas sobre o assunto. Ontem, a ideia foi debater sobre o cooperativismo, setor que tem a economia sustentável na sua essência, pois sempre trabalha as decisões em conjunto, em respeito ao meio ambiente e ao cidadão.

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