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Nem tudo é conspiração
Reportagem

Nem tudo é conspiração

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Exige pouco esforço analítico concluir que a decisão da justiça reafirmada ontem pelo STF, mantendo o cancelamento de 3,3 milhões de títulos em todo o País, deve preocupar com especial atenção o PT e seus candidatos. O aspecto mais evidente é o fato de a medida atingir, com alguma preponderância, eleitores do Nordeste, exatamente a região onde o partido projeta, a partir do que apontam as pesquisas, suas melhores performances para 2018.

 

É chato, porém, que vozes políticas tentem colocar a situação no bojo do que seria uma ação articulada contra o partido. A regra está lá sem subterfúgio qualquer, é clara e, se sabia dos seus efeitos desde sempre. Como, agora, se aparece com essa história de que faz parte de um esforço articulado para dificultar os passos petistas na eleição? O ambiente já produz suas tensões naturais, não precisando que situações artificializadas também sejam utilizadas como instrumento de elevação da temperatura já alta pelas características do momento atípico que se vive.

 

O fato objetivo é que as pessoas atingidas pela medida que retira delas o direito de votar perderam um prazo que estava determinado para todas. Pelo menos, naqueles municípios onde a biometria já será obrigatória em 7 de outubro próximo. É certo, ainda, que não foram apenas os ricos que acorreram ao chamamento da justiça eleitoral, porque se assim o fosse o número de punidos seria muito maior e, neste caso sim, em quantidade suficiente até para colocar em discussão a legitimidade de um processo que as excluísse.

 

É correta, finalmente, a decisão tomada pelos ministros do Supremo. Neste caso, dá para assegurar que o resultado do julgamento de ontem fundamenta-se numa base técnica suficiente para afastar qualquer ideia de interesse escuso por trás de sua motivação, mesmo que as circunstâncias ajudem a estabelecer, e até alimentar, as dúvidas inevitáveis. É com as evitáveis que precisamos nos preocupar.

 

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