[FOTO1]
Acusado de usar aplicativos de transporte para estuprar jovens, atuando como motorista com cadastros fraudados no serviço, o técnico de radiologia Patrick Gomes do Nascimento, 26, confessou ontem ter feito pelo menos seis vítimas em Fortaleza. A Polícia Civil, no entanto, descarta a versão e já trabalha com a possibilidade de o criminoso ter violentado mais de dez mulheres.
[SAIBAMAIS]
"Temos indícios fortes de que ele operava há vários meses, com muito mais vítimas", disse ao O POVO uma fonte ligada às investigações. Em depoimento à polícia, o criminoso admitiu ter utilizado contas falsificadas no 99Pop para raptar e violentar jovens na saída de bares da Aldeota. Questionado sobre a motivação dos crimes, Patrick disse apenas que teria "problemas psicológicos".
Preso na última quinta-feira no bairro Conjunto José Walter, onde morava, o técnico de radiologia já foi reconhecido por diversas vítimas. No carro utilizado para os crimes, um Logan preto, a Polícia encontrou três cartões ligados a contas do 99Pop e dezenas de chips de celulares. Os agentes também apreenderam um notebook e dois smartphones - um iPhone e um Moto G.
Jornalistas contam bastidores da reportagem:
[VIDEO1]
Segundo a investigação, existem indícios de que os crimes eram cometidos pelo técnico de radiologia desde o fim do ano passado, com variados níveis de atividade. "Em um período, a gente suspeita que ele pegava até uma vítima por semana", contou um agente de segurança, que não quis ser identificado.
Patrick foi abordado por duas equipes da Polícia Civil no momento em que chegava à casa dos pais. Inicialmente, ele alegou não ter qualquer relação com os crimes e apontou "engano" dos agentes.
Após saber das acusações, a mãe do acusado passou mal, desmaiou várias vezes e precisou do auxílio dos policiais. Horas depois, ele confessou autoria de seis dos estupros investigados.
Em depoimento prestado ao delegado do 15º Distrito Policial (Cidade 2000), Patrick negou ainda a acusação feita pelas vítimas de que ele teria filmado os atos sexuais. Segundo fontes ouvidas pelo O POVO, o criminoso disse apenas ter "fingido" gravar os crimes para intimidar e ameaçar as mulheres. "Seria uma forma de diminuir a resistência, com muita violência e ameaça", descreveu um policial.
Ainda de acordo com agentes, Patrick "entrou e saiu de cabeça erguida" e permaneceu calmo durante todo o depoimento. Ouvidos pelo O POVO após a repercussão da prisão do criminoso, diversos conhecidos e vizinhos se disseram surpresos com a "vida dupla" do preso. "Fiquei chocado, era um cara acima de qualquer suspeita", contou um ex-professor de Patrick.
"Sempre foi super tranquilo", revelou uma vizinha. Nas redes sociais, o autor confesso de pelo menos seis estupros sustentava imagem de bom moço, compartilhando citações bíblicas e frases motivacionais. Entre as fotos no perfil, diversas utilizando jalecos de clínicas médicas e uma na direção do mesmo automóvel utilizado nos crimes.
Com o material apreendido, a Polícia Civil espera apurar outras possíveis vítimas de ataques. No momento da prisão, foi encontrado no carro do técnico de radiologia ainda um crachá de uma funcionária da Unimed. As equipes do 15º DP e do Departamento de Inteligência da Polícia (DIP) apuram se a proprietária da identidade funcional seria outra das vítimas do criminoso.
Até a noite de ontem, Patrick seguia em prisão temporária no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), no bairro de Fátima.
Ele seguirá preso pelo menos até a próxima semana, caso a Justiça não renove o mandado. Como correria risco de vida se mantido com outros presos, a Polícia abrigou o técnico de radiologia em cela separada.(Carlos Mazza e Jáder Santana)