Em Sobral, existem apenas duas zonas eleitorais. Na Cidade, atuam pelo menos três facções criminosas, com forte influência em cerca de seis bairros. Oficialmente, nenhum candidato formalizou, junto à comarca eleitoral, denúncia por ter sido impedido de circular em alguns territórios. Também não houve manifestação de eleitores. Mas há inúmeros boatos, casos de violência e preocupação com a coação que as organizações podem exercer.

 

As informações são do promotor de Justiça, responsável pela 24ª Zona Eleitoral da Cidade, Hugo Alves da Costa Filho. Sobral, um dos cinco municípios que poderão receber apoio do Exército nas eleições, faz parte da Área de Segurança Integrada 14 que, até julho, registrou 176 homicídios. "As facções estão dentro de Sobral, por isso é preciso prudência para deixar o eleitor com tranquilidade. A gente sabe que pode haver coação", afirmou o promotor. Na opinião dele, a presença das tropas federais é importante, terá o papel de inibir eventuais interferências.

 

Para Hugo, a chegada do apoio deve ocorrer pelo menos 20 dias antes do dia da eleição, quando, segundo ele, há maior acirramento da disputa. Para além da questão operacional, o promotor destaca a sensação de segurança que o Exército pode gerar. "Em Sobral, existe a questão sociológica, a comunidade teme essas facções. Há um temor na mente coletiva da Cidade em poder circular em vários bairros", avalia.

 

Em Fortaleza, também há o receio da coação. Realidade confirmada pelo promotor de Justiça Emmanuel Girão. "O que pode acontecer é uma facção intimidar, dizer em uma comunidade que quem votar em determinado candidato vai sofrer consequências. Porque é assim que eles fazem. E isso altera a vontade do eleitor", pondera Emmanuel. Ele destaca ainda que um trabalho de inteligência precisará conduzir o papel ostensivo da tropa federal.

 

Em 2016, conforme o promotor, a presença do Exército em Fortaleza teve o objetivo de acalmar os ânimos no processo eleitoral, que possuía candidatos ligados à Polícia. Em Juazeiro do Norte, município que também está na lista dos locais que poderão ter o apoio na segurança, de acordo com a também promotora de Justiça Juliana Mota, uma das circunstâncias que respalda a atuação das tropas federais é o fato de o atual governador Camilo Santana (PT), também candidato, ser natural da região.

 

"Na minha ótica, o procurador Anastácio (Tahim) entendeu a necessidade das tropas nesse contexto também, para evitar que a influência do governador descambe para uma incongruência de aplicação da lei", avalia Juliana. A promotora preferiu não detalhar informações sobre as ocorrências de violência no Município, mas ressaltou a sensação de segurança que o Exército pode fornecer. 

 

"Em eleições anteriores, a presença deu muita segurança, se conseguia, por exemplo, efetivar as ordens de forma mais rápida. Acredito que só vem a somar", afirmou. (Sara Oliveira)