[FOTO2]
Mobilidade, dentre as suas possibilidades, diz respeito a movimentar-se, o que, consequentemente, implica em escolhas. As cidades têm se empenhado em superar os desafios da mobilidade urbana, mas descobrir soluções que foquem nos transportes ativos (movidos a propulsão humana), sobretudo nos pedestres, ainda parece um caminho distante.
[SAIBAMAIS]
O massoterapeuta Saulo Rodrigo, 45 anos, por exemplo, quando termina o expediente na Aldeota após as 17 horas, prefere voltar a pé para casa, no Monte Castelo, do que se deslocar no aperto do ônibus em horário de pico. "Vou de fone de ouvido, cantando, chego de boas, sem pegar engarrafamento. É qualidade de vida", expressa Saulo.
[FOTO1]
O termo walkability ou caminhabilidade, em português, é um conceito que, aos poucos, vem sendo experimentado pelas gestões públicas.
No geral, refere-se ao quanto determinada área é propícia para transitar a pé. "Caminhabilidade é um processo de descobrir não o que está errado na cidade, mas por que as pessoas param de caminhar", define Lincoln Paiva, mestre em Urbanismo Caminhável.
O desestímulo para andar a pé não se resume às más condições estruturais e de uso de calçadas e passeios, diferente do que se acredita comumente, elucida Lincoln. Segurança viária, mobiliários urbanos, acessibilidade, conforto térmico e acesso a transportes públicos são outros fatores determinantes na decisão pelo caminhar.
Desde setembro do ano passado, Fortaleza avança para se tornar a primeira capital do Brasil a ter um plano de caminhabilidade, um documento técnico e norteador de incentivo aos deslocamentos a pé. A intenção é testar o plano através de projeto-piloto, que deverá ser implementado em uma poligonal do Benfica e/ou da Parangaba - bairros com movimentação intensa e com integração de diferentes modais de transportes.
"A ideia (do projeto-piloto) é entregar um mapeamento de caminhos. São propostas de rotas de caminhabilidade. Mas a gente não vai trabalhar no bairro todo. Tem que definir um perímetro. O momento é de refinamento", explica Edilene Oliveira, coordenadora de Políticas Ambientais da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma).
A elaboração do plano prevê o cálculo de indicadores, como o índice de caminhabilidade. Este é um dado que vem sendo pesquisado em diversos países e, embora não haja consenso sobre quais variáveis o definem, pode-se destacar a conectividade de ruas, quantidade de calçadas, arborização e segurança. Os demais índices propostos no plano de Fortaleza são: redução da poluição ambiental, quantidade de acidentes envolvendo pedestres (mortos/feridos) e completude (desenvolvimento) nos bairros.
A previsão é que o projeto-piloto e os indicadores sejam finalizados em dezembro deste ano, e o plano, completo em março de 2019, prospecta Edilene. Sobre o quanto a Prefeitura deverá investir na execução do plano, a Seuma respondeu que a estimativa será confirmada somente após a definição do projeto-piloto.
Autuações/notificações relativas às irregularidades
em calçadas e passeios
1º semestre de 2018
759
1º semestre de 2017
222
2º semestre de 2017
430
Principais irregularidades
Ocupação com mesas, cadeiras e bancos sem autorização, passeios sem a devida conservação e estacionamento irregular para veículos.
(Fonte: Agência de Fiscalização de Fortaleza - Agefis)