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Mais 6 vítimas denunciam estupros por falso motorista de app
Reportagem

Mais 6 vítimas denunciam estupros por falso motorista de app

| ESTUPROS | A revelação feita no O POVO, sobre a prisão do técnico de radiologia que se passava por motorista de app para violentar passageiras, levou mais mulheres a procurarem a Polícia para denunciar o agressor
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>> Jornalistas compram cadastro na 99Pop e mostram facilidade para se tornar motorista com perfil falso

 

Menos de 24 horas após O POVO revelar a prisão de Patrick Gomes do Nascimento, 26, acusado de se passar por motorista de aplicativos de transporte para estuprar jovens em Fortaleza, seis outras mulheres procuraram a Polícia Civil, a partir do que viram na reportagem, para denunciar o técnico de radiologia pelo mesmo crime. Com os novos casos, podem chegar a dez o número de possíveis vítimas do agressor.

[SAIBAMAIS]

Nos depoimentos colhidos ontem, as vítimas revelaram modus operandi semelhante aos casos já conhecidos pelas equipes de investigação. Em todos eles, Patrick se passava por motorista da 99Pop e raptava as mulheres na saída de bares movimentados da Aldeota. De lá, desviava o caminho para um terreno baldio do bairro Dunas, onde violentava as vítimas.

 

Uma das jovens ouvidas ontem procurou a delegacia logo pela manhã. Bastante abalada, ela disse ter reconhecido o agressor a partir de imagens e da descrição revelada pelo O POVO e decidiu denunciar o crime. Antes, evitava se manifestar temendo represálias. Ao longo do dia, outras cinco mulheres foram ao 15º Distrito Policial (que cobre a área da Cidade 2000, mas temporariamente está sediado na Aldeota) registrar ocorrências contra o técnico em radiologia.

 

Jornalistas contam bastidores da reportagem: 

[VIDEO1] 

 

Apesar do método idêntico empregado pelo acusado, denúncias feitas ontem revelaram perfil diferente dos alvos. Enquanto as vítimas anteriores eram todas jovens entre 20 e 25 anos, na tarde de ontem procuraram a delegacia uma mulher de 18 anos e outra de 30 anos. Esta última é mãe de uma adolescente e teria sido raptada na saída de um bar no Dionísio Torres.

 

Foi registrado ainda o depoimento de uma turista que passava férias em Fortaleza e disse ter sido vítima de Patrick. Nos testemunhos, novos relatos de tentativas sexuais forçadas e agressões pesadas. As equipes de investigação conseguiram identificar ainda outra possível vítima do falso motorista de app. A mulher, até ontem, se recusava a prestar depoimento.

 

Durante todo o dia, era intensa a entrada e saída de pessoas e agentes de segurança no prédio da delegacia, na rua Costa Barros, onde está provisoriamente o 15º DP. O caso está vinculado à delegacia da Cidade 2000 por cobrir a área das Dunas, onde aconteceram os estupros. No início da tarde, policiais do Departamento de Inteligência da Polícia Civil levaram ao local os objetos apreendidos durante a prisão do acusado.

 

Conforme O POVO noticiou com exclusividade na edição de ontem, Patrick Gomes do Nascimento foi preso no fim da tarde desta quinta-feira, 16, após ser reconhecido por pelo menos duas vítimas de estupro. Segundo o inquérito policial, as mulheres eram raptadas após pedirem corridas em aplicativos de transporte e violentadas, filmadas e ameaçadas.

 

Para encobrir rastro dos crimes, o motorista teria utilizado diversas contas falsas nos aplicativos, alimentadas com informações de pacientes de clínicas médicas onde o suspeito trabalhava. Em pelo menos dois dos casos, registros no 99Pop continham documentos e identidade de pessoas com enfermidades graves, uma delas internada em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) sem movimento das pernas.

 

Além do crime de estupro, Patrick poderá responder ainda pelo crime de estelionato, uma vez que ele falsificou documentos para manter as contas falsas ativadas. O inquérito policial segue em andamento e, na sequência, deverá ser enviado ao Ministério Público Estadual.

 

Em nota emitida sobre o caso, a empresa 99 afirma ter recebido denúncias de duas passageiras contra um motorista da plataforma em Fortaleza. "Os perfis apontados por elas foram imediatamente bloqueados, ficando impedidos de realizar corridas. Desde o princípio, a empresa colaborou ativamente com a polícia, auxiliando as investigações", diz o comunicado.

 

Mesmo com o registro das novas denúncias, os responsáveis pela investigação ainda reforçam a necessidade de que outras vítimas do agressor procurem a autoridade policial competente. Informações pelo 3101-1137.

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