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Parada há três anos, obra já foi considerada prioridade do Governo
Reportagem

Parada há três anos, obra já foi considerada prioridade do Governo

| ACQUARIO | Incluída em pacote de concessão do Estado para a iniciativa privada, Acquario ainda não encontrou investidor
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A estrutura de concreto em quatro pavimentos está exposta, sem mudança aparente, desde fevereiro de 2015. Tão ousada quanto polêmica, a construção do Acquario Ceará, que já foi considerada obra prioritária do Governo do Estado, hoje expõe as marcas do abandono na ausência de operários, no mato crescido e na estrutura decadente.

 

Responsável pela estrutura de concreto do Acquario, a Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra) informou que a obra está 75% pronta. Já a Secretaria do Turismo do Ceará (Setur), que trata da parte dos equipamentos, diz que concluiu 30% do que é responsável. No total, o Governo já investiu US$ 43 milhões nos serviços, cerca de R$ 145 milhões.


Em dezembro de 2016, o governador Camilo Santana (PT), que herdou a obra do aliado Cid Gomes (PDT), disse que não deveria investir mais nenhum dinheiro público na obra. A saída para dar andamento à construção seria uma parceria público-privada. O equipamento integra o pacote de concessões à iniciativa privada definidas pelo governador há dois anos, mas ainda não conseguiu encontrar investidor.


O grupo espanhol Inveravante e o chinês Fosun chegaram a iniciar tratativas com o Estado mas as conversas não se encaminharam para nada de concreto. Caso resolvessem investir na obra, as empresas só teriam retorno após seis anos de funcionamento do Acquário.


Esse foi um dos motivos para o equipamento ser considerado um dos mais difíceis ativos do Estado disponíveis à iniciativa privada.

 

Ainda assim, mesmo com obras paralisadas, ele representa custos ao contribuinte para trabalhos de manutenção. Para este ano, o orçamento enviado à Assembleia Legislativa dispunha cerca de R$ 1,9 milhão para manter a estrutura construída até hoje.


Atualmente, a Seinfra banca as despesas com vigilância do canteiro de obras e do sistema de bombeamento de água na estrutura, mas já foram realizados trabalhos de limpeza, restauração de tapumes e proteção das ferrugens expostas.


Para os moradores do entorno, a obra ainda representa transtornos. Síndica do edifício em frente à construção, Rosa Keller relata que, em período chuvoso, tem de conviver com mosquitos e inundações em frente ao prédio. “Mesmo com o bombeamento, a gente ainda vê água acumulada. Tem mosquito aqui do primeiro ao sexto andar”, afirma.


Conforme a gestora, o atraso no andamento das obras é sinal das dificuldades de um trabalho dessa proporção. “No começo a gente sofreu muito com poeira e trepidação e, hoje, mesmo parada, ainda tem outros problemas”, pondera.


O interesse é de que o serviço seja concluído tão logo quanto possível. “O que a gente anseia é que essa obra se transforme em alguma coisa”, diz Rosa.


RÔMULO COSTA

romulocosta@opovo.com.br

 

SINAIS DO BANDONO


Segundo o Governo, agentes de endemias da Prefeitura fazem visitas quinzenais na obra para controlar a proliferação de mosquitos da dengue. Obra acumula água em período de chuva.

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