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Exposição propõe novo olhar para a loucura
Reportagem

Exposição propõe novo olhar para a loucura

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Para desconstruir os estigmas em relação ao sofrimento psíquico, muitas formas e cores compõem a exposição “A resistência e as lutas por um novo olhar para a loucura”. A mostra reúne, no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc), pinturas e esculturas de homens e mulheres que lidam diariamente com transtornos de saúde mental. A exposição segue até o próximo dia 25, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12 horas e das 13h às 17 horas. A entrada é gratuita.


A curadoria é da Cláudia Freitas, do Departamento de História da UFC e do Fórum Cearense da Luta Antimanicomial. Para ela, a exposição defende outros tipos de tratamento, que valorizam arte e cultura. “As pessoas podem ter suas dificuldades do dia a dia e o sofrimento, mas é importante que jamais percam o vínculo com o território onde elas vivem”.


Dentre os sete artistas que compõem a exposição, um deles é José Crispim, aposentado, que conhece de perto os benefícios da arte como tratamento alternativo. Após seguidas internações malsucedidas, ele encontrou na arte uma via terapêutica. “A exposição é um exemplo de que a pintura pode curar, dar autoestima, nos fortalecer”, considera.


Em 2010, ele ganhou o Prêmio Cultural Loucos pela Diversidade, patrocinado pela Fiocruz. Desde então, desenvolveu seu potencial artístico e ganhou premiações internacionais.


O artista, diagnosticado com esquizofrenia, conta que a arteterapia o ajudou a vencer o preconceito.“Ela mostra que somos úteis à sociedade e capazes de criar e produzir. Além de tratamento, é uma prevenção. É o melhor caminho”.


Crispim passou por seis internações em um hospital de saúde mental entre 2002 e 2008. Além de receber um tratamento que causou afastamento da família e do convívio social, ele conta ter vivenciado tortura física, psicológica e outros constrangimentos, situações que causaram piora no seu quadro de saúde.


A mostra conta com obras de Ernesto Sal, Osmarina de Sousa Rodrigues, Carlos Bandeira, Milvando Peixoto, Sandra Barros e Camila Santos Sousa. As obras expostas resultam da transformação do sofrimento psíquico em forma artística. Em defesa da liberdade e inclusão, cada uma das 40 obras em exposição revela como a arte tem poder de transformar sujeitos em protagonistas da sua própria história. (Ivig Freitas/ Especial para O POVO)


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