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Alta de preços e escassez de alimentos e combustíveis
Reportagem

Alta de preços e escassez de alimentos e combustíveis

| IMPACTOS | Paralisação dos caminhoneiros muda rotina na Ceasa com alta de preços e escassez de itens. Batata inglesa sobe mais de 200% em menos de um mês
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As quintas-feiras tradicionalmente costumam ser, juntamente com as segundas, os dias mais movimentados na unidade de Maracanaú da Central de Abastecimento do Ceará S.A (Ceasa). No entanto, o entra e sai de veículos carregando frutas e hortaliças não ocorreu ontem.

 

No quarto dia de paralisação dos caminhoneiros em todo o Brasil, a distribuição de alimentos do Estado foi afetada diretamente. Mais que isso, alguns produtos tiveram uma disparada nos preços, enquanto outros simplesmente não chegaram ao Ceará, embargados nas rodovias do País em consequência dos bloqueios.


Quase que unanimemente citada, a batata inglesa foi o produto mais em falta nas bancas da Ceasa. Foi ela também que passou por aumento de preço mais elástico. Se no fim de abril o quilo da batata no atacado custava R$ 2,80, ontem ela teve um preço médio de R$ 9. Ou seja, uma inflação de 221,4%. Dono de um box no local, Francisco de Assis Nascimento sentiu a diferença que os preços e a escassez dos alimentos fizeram nas vendas. “Teve movimento, mas foi muito pouco. Faltou cenoura, uva, batata, goiaba. A saca de uva era R$ 80 e já tá R$ 110. Um saco de 50 kg de batata já foi R$ 180 e agora é

R$ 400. Normalmente vendo uns 40 sacos de batata desses numa quinta. Hoje (ontem) foram só oito”, lamentou.


O aumento do preço da uva foi superior a 77%. Segundo a Ceasa, a fruta, que chega ao Ceará oriunda de Pernambuco e do Rio Grande do Sul, já é considerada escassa ou ausente no mercado local. Segundo Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa, 90% dos transportes que chegavam à Central de Distribuição não foram ontem e que o grande nó para o Ceará são os bloqueios nas rodovias da Bahia e de Minas Gerais. “Com essas barreiras dificultou a chegada aqui de pelo menos 50 carregamentos de laranja. O que está sendo vendido é remanescente da feira passada. Para amanhã (hoje) já se fala que a batata inglesa não vai ter mais”, alertando que ainda não é possível mensurar a quantidade de alimentos que serão estragados.


Sobre um eventual desabastecimento generalizado, Odálio reconhece a possibilidade de falta de itens importantes e que não têm uma produção local. “A Ceasa pode garantir o que tem de remanescente até sábado. Segunda-feira, se não entrarem as principais mercadorias como laranja e banana, pode comprometer o abastecimento de Fortaleza. E o Interior é mais impactado. O que eles produzirem dá para segurar. Mas na hora que falta itens básicos como cenoura, batata, tomate, que são consumidos bastante, todo mundo vai chiar”, complementa.


Nas gôndolas dos supermercados, os efeitos da paralisação dos caminhoneiros também foram notados. Consumidores reclamaram da ausência de alguns itens nas prateleiras dos estabelecimentos da Capital. Além da batata, o leite é citado está entre os itens com preços elevados e baixo estoque. A reportagem conversou com alguns consumidores que relataram a pouca quantidade de alguns itens.


“Estive ontem neste mesmo supermercado para comprar leite, comprei um, hoje estou de volta e vejo que o preço está diferente. Amanhã acho que nem venho mais”, disse Maria Auxiliadora, 35, consumidora de um supermercado do Meireles.


A reportagem tentou contato com a Associação Cearense de Supermercados (Acesu) via assessoria de imprensa, mas não teve as ligações atendidas. (colaborou Julliane Vieira/Especial para O POVO)

 

SITUAÇÃO NA CENTRAL


90% dos transportes que chegavam à Central de Distribuição não foram ontem e o grande nó para o Ceará são os bloqueios nas rodovias da Bahia e também de Minas Gerais.

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