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Moradores de rua: Problema se agrava na Cidade
Reportagem

Moradores de rua: Problema se agrava na Cidade

| VIOLÊNCIA E POBREZA | Novo censo deve ser realizado. Além disso, comitê com instituições civis e representações políticas buscam soluções para agravamento do problema
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Basta uma volta pelo Centro de Fortaleza e bairros adjacentes para perceber a crescente no número de pessoas morando na rua. Além de áreas já conhecidas como a Praça do Ferreira, outros locais também recebem pessoas que, diante de diferentes complicadores e questões socioeconômicas, veem a rua como único ponto de estadia. A relação de aumento não é só sensível.


A cada mês, o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) recebe cerca de 50 novos cadastros de atendimento. Fatores como a seca dos últimos cinco anos, a guerra entre facções e o corte de benefícios sociais estão entre os motivadores dessa migração em massa para as ruas.

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O número de novos atendimentos ainda é subnotificado já que cerca de metade das pessoas não aceitam atendimento. O único número que se tem vem do censo realizado pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) em 2014 e 2015. Conforme o relatório, Fortaleza tem 1.718 moradores de rua, estando concentrados em maior número no Centro e Beira Mar.


Um dado mais recente da pasta, de 2017, mostrou que há 247 homens e mulheres morando na Praça do Ferreira. Diante da superlotação de pessoas no local, novos pontos têm se estabelecido. Além disso, questões como não aceitação de animais domésticos ou divisão por gênero também fazem com que muitas pessoas não busquem os abrigos da Prefeitura.

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João Elias Figueiredo, Coordenador do Centro Pop, explica que há sim aumento do número de pessoas em situação de rua. De acordo com ele, o maior impacto dos novos cadastros atualmente são de pessoas expulsas das comunidades em virtude do tráfico de drogas e brigas de facções. “Além disso, a questão do desemprego a extrema pobreza, a carência das pessoas aumentou e os grandes centros são os mais procurados”, explica.


Ele ressalta que recentemente foi criado um Comitê em Defesa da População de Rua de Fortaleza. A ação reúne diversas instituições como universidades, escritórios de Direitos Humanos, Ministério Público, parlamentares, entre outras. “Uma das questões colocadas era que fosse realizado um novo censo, a gente tem o diagnóstico que tem aumentado tanto em número quanto há o surgimento de novos pontos, na Parangaba, ao longo da BR 116, várias praças no próprio Centro”.


Uma nova contagem já foi iniciada, segundo ele. Para o gestor, a solução da problemática perpassa por uma política assistencial integrada que consiga suprir questões de saúde, assistência social, atendimento psicológico e habitação. De acordo com ele, só a assistência social não dá conta das diversas nuances do problema.


Julianne Melo, advogada do Escritório Frei Tito, considera que além das questões de violência e drogadição, os fatores socioeconômicos do aumento de preços dos produtos e maiores custos de vida também são bastante agravantes. Ela ressalta que a seca dos últimos cinco anos causou a retomada do movimento de migração de pessoas do interior para os centros urbanos. Para Julianne, a subnotificação dificulta a criação de políticas públicas mais efetivas. “Você conta na praça hoje e amanhã chegam novas pessoas ou elas vão para outras praças, têm que se pesar uma metodologia para tentar ser o mais próximo da realidade”, explica.

 

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