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Moradores do Benfica torcem por restauração do Benfica
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Moradores do Benfica torcem por restauração do Benfica

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O cochicho sobre o “acontecido” era frequente nas barracas. Falava-se muito das reportagens e das suposições. Os olhares eram desconfiados e muitos foram os feirantes e moradores do entorno que se negaram a falar conosco ou mesmo fingiam não nos ouvir. Na praça, pelo menos dez PMs espalhados. Os gritos de anunciar mercadoria estavam emudecidos.


Moradora do Benfica desde 1952, dona Eulina Aurélia Alves, 84, lamentou o “inferno” que o bairro virou. E não, não se referia ao movimento dos universitários, às mesas nas praças ou às calouradas. É a violência. “Era um tá-tá-tá de tiro, uma correria… eu pensei que não ia acabar mais. Fiquei morrendo de medo, me sentindo mal. Os vizinhos todos com medo. Tá uma coisa triste, e olhe que aqui era um céu. Ontem não tinha quase ninguém nessa praça, parece que a praça morreu junto. Acho que não se levanta mais, depois dessa”, lastima.


“Desde ontem (sábado) que tá fraco o movimento. E não é por causa de chuva. O pessoal tem medo, né. A tendência é piorar”, completa Maria Celeste Coelho, feirante na Gentilândia há pelo menos 15 anos.


Garçom de um restaurante próximo, que não quis ser identificado, disse que a presença policial era constante. “Justo quando eles decidem não dar as caras, os criminosos aproveitam. (Os PMs) servem pelo menos pra inibir”, comenta. De acordo com ele, o movimento também caiu em todos os períodos após o crime de sexta-feira. Ainda assim, nos quatro estabelecimentos procurados, não há projeção de encurtar o horário de atendimento.


A pequena Gabriela, 2, não teve a rotina afetada. Como todo domingo, saiu do Jardim América com o pai e foi à praça brincar correndo atrás dos pombos. “O que aconteceu não tem a ver com a feira, com o comércio. Importante é saber que a praça é das pessoas e não da violência”, defendeu o pai, João Carlos Sales, 31. (Lucas Braga)

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