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Invasão por moto e estacionamento lideram infrações
Reportagem

Invasão por moto e estacionamento lideram infrações

| CICLOFAIXAS EM FORTALEZA | Levantamento de infrações feito pela AMC considera registros feitos por agentes na rua, videomonitoramento e três equipamentos de fiscalização eletrônica
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Oito mil e noventa e seis carros e motocicletas foram flagrados por agentes de trânsito desrespeitando ciclofaixas em Fortaleza. Das infrações, referentes ao ano passado, 6.455 foram cometidas por motociclistas que invadiram os espaços exclusivos para ciclistas e 1.641 por motoristas que estacionaram veículos sobre as faixas, obstruindo a passagem. A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), que compilou os dados, admite que as estatísticas poderiam ser ainda maiores se a transgressão não fosse “difícil de ser anotada”.
[SAIBAMAIS] 

As avenidas Beira Mar, Domingos Olímpio, Santos Dumont, Dom Luís e Antônio Sales concentram a maior parte das infrações observadas.
Segundo o superintendente da AMC, Arcelino Lima, infrações em ciclofaixas são flagradas somente por videomonitoramento e por agentes de trânsito quando percorrem a Cidade. “Câmeras estão sendo úteis. No caso do estacionamento, é fácil perceber o desrespeito”, pondera. Contudo, quando se trata de fiscalizar motocicletas que invadem os espaços, Arcelino argumenta que a dificuldade para autuar seria pela rapidez do momento da infração, que geralmente acontece durante congestionamentos típicos de horários de pico.
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“A fiscalização eletrônica poderia ser útil, mas de forma muito pontual. O equipamento fica apontado para um local, e, se (a infração) não for nesse local, ele não vai enxergar. Então, sozinho, não consegue atender. Tem que ser junto com videomonitoramento e agentes”, afirma o superintendente.
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O suporte eletrônico nas ciclofaixas da Capital, porém, ainda é minguado. Segundo a AMC, está presente apenas na rua Alberto Magno, na avenida Beira Mar e no cruzamento entre as avenidas Santos Dumont e Desembargador Moreira.
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Patrícia Ramalho, 37, confeiteira que integra o coletivo Ciclanas, reforça que, por não existir monitoramento eficiente nas vias cobertas pela malha cicloviária, a quantidade de infrações em ciclofaixas vai além do levantamento feito pela autarquia de trânsito. Fora invasões por moto e estacionamentos indevidos, ela ressalta, há outras formas comuns de desrespeito. Como exemplo, Patrícia cita a ocupação da ciclofaixa da avenida Godofredo Maciel por lixo e vendedores ambulantes. Além disso, também já constatou “perseguição de motoqueiros a mulheres que reclamam da infração” em ciclovia no Montese.
 

“As ciclovias e ciclofaixas que eu costumo utilizar nos meus percursos diários são pouco sinalizadas, mal iluminadas e com pouca ou quase nenhuma fiscalização”, pontua.

Segundo Arcelino Lima, as reclamações feitas por ciclistas são consideradas pela AMC e solucionadas de forma pontual. Ele afirma, porém, que o órgão se articula para, ainda neste ano, com a inauguração de um centro de treinamento para motociclistas, melhorar a formação dos condutores com foco no respeito. “Trazer esse público para dentro da sala de aula e mostrar que ele é o que, atualmente, está morrendo mais e matando mais”.

Outra medida é ampliar a malha cicloviária. De acordo com o superintendente, ainda neste mês, será instalada uma ciclofaixa na avenida Rogaciano Leite, para conectar a estrutura da Desembargador Gonzaga à ciclovia já existente no trecho a partir da Câmara Municipal. “Além da expansão desse sistema, (são necessários) sinalização e investimento em campanhas educativas”, indica Thiago Freitas, que compõe o coletivo Ciclovida. 

 

LIXO TAMBÉM É DESRESPEITO


Para o universitário Fernando Bralo, 40, pior do que motociclista, que invade ciclofaixa, é o lixo que comumente ele vê despejado no espaço. Por se locomover diariamente de bicicleta pela ciclofaixa da avenida Domingos Olímpio, o universitário sempre se vê obrigado a desviar dos monturos para disputar o tráfego com os carros logo ao lado. O lixo “me atrapalha como ciclista, como cidadão, em todo os sentidos”, ele diz.  

 

”ÀS VEZES ELES NEM APITAM”


Danielle da Costa, 24, assistente fiscal, utiliza a bicicleta para se deslocar de casa para o trabalho. Mesmo fazendo uso de ciclofaixa no percurso, teme ser atropelada por motociclistas que vê, constantemente, invadindo a estrutura. “Às vezes eles nem apitam. Já quase bateram em mim”, lembra, acrescentando que os desrespeitos costumam ser nos horários de pico. “Vejo mais pela manhã. Não sei se porque estão atrasados”.

 

NÚMERO

 

6.455 infrações registradas em ciclofaixas, em 2017, foram cometidas por motociclistas

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