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Briga de facções motivou Chacina do Benfica
Reportagem

Briga de facções motivou Chacina do Benfica

| VINGANÇA | Único preso até agora, Douglas Matias da Silva descartou, em depoimento à Polícia Civil, que o massacre do último dia 9 de março tenha sido resultado de uma rixa entre torcidas organizadas
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No mesmo testemunho em que confessou participação em quatro das sete mortes da chacina, Douglas confirmou que os ataques ocorreram por vingança e no contexto da disputa entre facções criminosas por territórios na Capital. “[Afirmou] que o presente crime não teve relação com rixa de torcidas e sim com brigas de facções”, diz trecho do depoimento.


Segundo o acusado, que admite ter relação com a facção Guardiões do Estado (GDE), ele e outros dois comparsas foram à sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF) após receberem a informação que um rival, membro do Comando Vermelho (CV), estava no local.
 

Ainda de acordo com Douglas, o inimigo já havia o ameaçado de morte e teria envolvimento nas mortes de Renato Timbaúba Farias, Clóvis Tiago e Jorge Luís Rodrigues, todos assassinados nas proximidades da Praça da Gentilândia. Uma vez na sede da TUF, o grupo não localizou o suposto rival, mas procedeu a atirar contra outras pessoas na área que seriam ligadas, segundo eles, ao CV.

“[Douglas afirma] que primeiramente passaram em frente à TUF e visualizaram várias pessoas, tendo-as reconhecido como inimigos por pertencerem ao CV”, diz o depoimento. “Deram volta no quarteirão e voltaram novamente para a frente da TUF, ocasião em que os dois homens que estavam com ele desceram e saíram atirando contra indivíduos como pertencentes ao CV”, relata.

O testemunho foi incluído em parecer do Ministério Público do Estado (MP-CE) ao qual O POVO teve acesso. No documento, o MP pede ainda o desmembramento de processos envolvendo os acusados, bem como maior andamento de diligências do inquérito policial.
 

Versão do acusado confirma a nova linha de investigação, divulgada ontem em coletiva da Perícia Forense do Estado do Ceará, junto com a Polícia Civil. Na época do massacre, o secretário de Segurança do Ceará, delegado André Costa, afirmou que a pasta não descartava a tese de que os homicídios registrados no Benfica tivessem relação direta com disputas entre torcidas organizadas. Afastando a hipótese de disputa entre facções criminosas.
 

Um dia após a chacina, o Ministério Público do Estado (MP-CE) emitiu nota cobrando a “imediata extinção das atividades” de torcidas como a TUF e a Associação Torcida Organizada Cearamor. No documento, o órgão também ressaltou que, supostamente, a maioria das vítimas do massacre eram ligadas à torcidas organizadas.


Preso dia 10 em um apartamento no Meireles, Douglas Matias da Silva teve prisão preventiva decretada na semana passada. Segundo a Polícia Civil, ele teria participado, ao lado de Stefferson Mateus Rodrigues e Francisco Elisson Chaves, dos ataques realizados em Fiat Punto da cor branca na sede da TUF, com quatro mortes.
 

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) ainda não divulgou suspeitos que estariam no Honda Civic, outro veículo que teria sido utilizado nos ataques. Segundo apuração inicial do caso, teria sido este segundo carro o que realizou os homicídios executados na Praça da Gentilândia, com três mortos e dois feridos em estado grave.

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