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Documentos quebram sigilo de quase duas décadas
Reportagem

Documentos quebram sigilo de quase duas décadas

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Tipo Notícia

O processo movido pela arquiteta Adriana Prado contra a União revela detalhes de uma história que o Comando da Aeronáutica tenta manter em segredo há 18 anos. A ação de indenização por danos morais agora aguarda execução na Justiça Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. Uma das peças incluídas nos autos nº 2005.84.00.006293-5 é a sindicância 003/2000-C, instaurada pela Base Aérea de Fortaleza 13 dias após o acidente. As 37 páginas do documento estão carimbadas com o selo de “CONFIDENCIAL”. A sindicância reúne papéis sigilosos sobre a rotina do Esquadrão “Pacau” e depoimentos de oficiais que participaram do treinamento na manhã de 4 de julho de 2000.
 

Os aviões do 1º/4º GAv eram divididos em grupos identificados pelos naipes do baralho: Paus, Ouros, Copas e Espadas. Os três xavantes escalados para a missão de combate 11FT59, prevista no Programa de Instrução e Manutenção Operacional, pertenciam à esquadrilha de Paus. O exercício fazia parte da “Fase de Combate Aéreo”. A ordem de instrução do Esquadrão “Pacau” previa objetivos para a missão: preparar os jovens aviadores para “utilizar a aeronave AT-26 em manobras de combate”; “aperfeiçoar o emprego das táticas e técnicas ofensivas e defensivas em oposição a um inimigo isolado” e “exercer a liderança”.
 

Alexandro Prado era o primeiro piloto do avião “ás” e tinha como segundo piloto o tenente Ricardo Beviláqua. Na aeronave “dois”, estavam o comandante do treinamento, capitão Fábio Farias, e o tenente Alan Knoll. Na aeronave “três”, os tenentes André Schineider e Thomas Ahrens. A escala de voo daquele dia previa a decolagem do xavante 4626 às 8h15. O tenente Ricardo Beviláqua tinha outra missão marcada para o mesmo dia, às 12h15. Alexandro Prado permaneceria em solo após a atividade da manhã.
 

A partir do depoimento dos militares, a sindicância reconstituiu a dinâmica do acidente. “Quando era executado o procedimento de curva à esquerda, a aproximadamente a 5 mil metros de altitude, foram observados pelos pilotos das duas outras aeronaves vários fragmentos no ar. Logo em seguida, viram a asa esquerda desprender-se, e o avião começar a girar em direção ao mar”.
 

Depois que a asa se soltou do xavante 4626, o comandante da missão, capitão Fábio Farias, determinou via rádio que os tenentes Alexandro Prado e Ricardo Beviláqua ejetassem da aeronave. De acordo com a sindicância, o segundo piloto ejetou-se rapidamente, acionou as boias de flutuação e foi resgatado com vida após três horas e meia no mar. Sem apontar um motivo, a investigação destaca que o tenente Alexandro Prado “ejetou-se bem depois”. (DA)

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