Além das relações de medo, o luto é outro fator de interferência apontado por Giovani Jacó, coordenador do Laboratório de Estudos da Conflitualidade e Violência da Universidade Estadual do Ceará (Uece). De acordo com ele, embora os últimos acontecimentos tenham afetado o imaginário da Cidade, sobretudo na questão do medo, a repercussão dos homicídios atinge as pessoas de forma diferenciada.
“Infelizmente, o luto, a dor e a perda se restringem aos territórios e comunidades que foram diretamente afetadas”, explica. O que, segundo ele, seria um fator de impacto mais forte na festa momina. Conforme Jacó, a festa de Carnaval em si não terá impacto direto da briga de facções, que, apesar das disputas internas, não tem a Cidade como um todo como inimiga. “E é importante que a Cidade siga sua dinâmica e não se mostre refém dessas organizações”.
Nesta relação de festa de Carnaval e aumento dos índices de violência há, de acordo com Giovani Jacó, uma dialética: “Se por um lado temos a ausência do luto, da indignação; por outro, é fundamental que a população se aproprie da cidade com essa dinâmica”.