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Uso planejado e questionamentos
Reportagem

Uso planejado e questionamentos

| IMPACTO | Deputado destaca que bacia do Cocó apresenta quadro sensível, e alerta para necessidade da apresentação de estudos de impacto para a ação
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Com projeto de retirar até 300 litros por segundo do rio Cocó para abastecer Fortaleza, o governo do Ceará pode trazer para a Capital polêmica que já ocorre desde o ano passado em municípios da Região Metropolitana.


Ações semelhantes, como a que planeja retirar água do Lagamar do Cauípe, em Caucaia, e de uma área de dunas no Pecém, têm sido questionadas pelas comunidades locais e ambientalistas. No caso de Caucaia, a ação gerou manifestação de populações indígenas da região, que bloquearam canteiro de obras do governo.


Procurado pelo O POVO, o deputado Renato Roseno (Psol) disse desconhecer o projeto de retirar água da barragem do Cocó, mas classificou a ideia como “estranha”. “Tem que ver o estudo de viabilidade hídrica disso, tem que ter estudo de impacto ambiental”, disse.

[SAIBAMAIS]

Roseno destaca que a bacia do Cocó, por conta do intenso processo de urbanização em torno do rio, já vive hoje quadro bastante sensível. “É, sem dúvida, a alternativa mais estranha, no sentido de que todo o ecossistema daquela bacia já é bastante comprometido, até por conta de todo o processo de urbanização no entorno”.


Segundo ele, danos ao ecossistema são tanto “qualitativos” – por conta do grande número de ligações clandestinas que despejam lixo no Cocó – quanto “quantitativos” – dado o desmatamento da mata ciliar da região.


Para o deputado, falta responsabilidade do governo em fechar a usina termoelétrica do Pecém, que chega a utilizar 500 litros de água por segundo. Recomendação semelhante foi feita por comissão da Assembleia Legislativa do Estado no ano passado.


O secretário de Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira, nega que a retirada de águas possa prejudicar o rio de qualquer forma. Ele afirma que a ação integra projeto de revitalização do Cocó, que já vem restaurando a mata das margens do rio e movendo famílias de áreas de risco.

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“É uma água que não muda de forma alguma a dinâmica do rio. O que mudou foi o controle para evitar as cheias que afetavam a população”, diz. Segundo ele, seriam instaladas bombas que controlariam a capacidade da barragem, “soltando” água em períodos de cheia. “Sempre mantendo uma vazão”, diz.


Sobre o destino da água, o secretário afirma que irá gerar benefício para a população ribeirinha da periferia de Fortaleza. Ele não nega, no entanto, que águas retiradas de projeto semelhante, do Maranguapinho, são usadas também para abastecer distritos industriais da Região Metropolitana. (Carlos Mazza)

 

SOBRE A BARRAGEM DO RIO COCÓ


Com investimento de R$ 105 milhões, a barragem do rio Cocó foi construída para evitar alagamentos em áreas de risco de Fortaleza.

 

Antes da conclusão da obra, as cheias do rio provocavam enchentes em comunidades carentes de 14 bairros de Fortaleza.


Com capacidade de 6,4 milhões de metros cúbicos, a barragem fecha as três comportas nos períodos de chuva e evita que o rio invada áreas de risco.


O plano do governo é instalar sistema que permita, no período de chuvas, usar a água que sobrar na barragem para o abastecimento de Fortaleza.


O governo argumenta que a ação inclui projeto de revitalização do Cocó, e que a medida não afetaria a dinâmica natural da água da região.

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