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Interpol. 11 foragidos por crimes no Ceará
Reportagem

Interpol. 11 foragidos por crimes no Ceará

| FORAS DA LEI | O POVO levantou o paradeiro dos 11 procurados pela Interpol e seus crimes cometidos no Ceará. Alguns deles já estão localizados, mas seguem em liberdade. Dois dos foragidos são cearenses
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Um coreano flagrado num barco pesqueiro, a 18 km do Porto do Mucuripe, com 1,1 tonelada de cocaína. Conseguiu deixar o Brasil com a ajuda de um diplomata de seu país e nunca mais foi visto para responder à acusação. No Interior cearense, a mulher se oferecia para ajudar um casal de idosos no saque de suas aposentadorias e, sem que soubessem, tomou empréstimos bancários vultosos, gastou com seus cartões de crédito e transferiu dinheiro para contas laranjas. Sumiu também.


Em Canoa Quebrada, no litoral leste cearense, um suíço foi acusado de jogar a ex-mulher da janela de casa. A lesão da coluna a deixou paraplégica. Ele foi localizado este ano em seu país, mas está em liberdade. Em Fortaleza, outro suíço, apontado por exploração sexual de menores, fugiu no regime semiaberto, mas quis ir à desforra com a Polícia Federal de um jeito singular. 

 

Ele postou uma carta suja de fezes, endereçada à instituição. Caso mais simples, outro holandês também fugiu ao ganhar o semiaberto.
 

Estas são cinco das 11 histórias de personagens que estão na lista de foragidos da Interpol por crimes cometidos no Ceará. Os casos são muito mais graves que o descrito nesta versão resumida. Arrastam-se há anos, alguns deles. A maioria dos procurados não pode ter o nome divulgado publicamente para não atrapalhar a busca policial, explica o coordenador da Interpol no Ceará, delegado federal Thomas Wlassak. O alerta é disparado principalmente em aeroportos e portos, entre autoridades policiais e judiciárias.
 

O POVO foi tentar saber do paradeiro dos 11. Folheou processos eletrônicos de todos (e físicos, de alguns), teve acesso a comunicações internacionais de alguns dos casos, contatou PF, Interpol e Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília. Um dos foragidos, hoje na Suíça, foi contatado através de um intermediário local, mas não quis responder. Uma das vítimas contou do drama que passou. A reportagem teve acesso a todos os 11 nomes, mas, a pedido da Interpol, informa apenas as iniciais dos que estão no alerta restrito.

O tráfico é o principal crime cometido entre os fugitivos. Desses caçados pela Interpol, apenas dois são brasileiros - e justamente cearenses. A mulher que enganava os idosos é de Uruburetama, cidade onde cometia as fraudes. O outro conterrâneo é o doleiro Alex Ferreira Gomes, empresário que já teve renome local por grandes negócios que operava.

Ele foi descoberto em falcatruas financeiras, 15 anos atrás. Seus crimes bateram a casa do bilhão de reais, segundo a Justiça Federal. Alex é condenado, tem mais de 50 processos contra seu nome, mas mora na Espanha. Em liberdade.
 

Semelhante à situação de Alex, alguns dos foragidos já estão até localizados – presos ou em liberdade. Apesar disso, seguem com o Alerta Vermelho vigente por conta de interpretações jurídicas divergentes entre o Brasil, país solicitante, e o país onde foram redescobertos.
 

Cada caso tem prazo diferente e depende sempre da autoridade que requereu a busca. A rigor, a procura é válida nos 193 países membros da Interpol. O alerta para localizar foragidos, quando anexado a um pedido de extradição (para que o país o devolva ao Brasil), é chamado de Difusão Vermelha.
   

Na relação, também estão um traficante nigeriano, que usa pelo menos dois passaportes e nomes diferentes, e a venezuelana cúmplice dele. Há um equatoriano, um surinamês e outro holandês/surinamês. Deles, apenas Alex Ferreira Gomes e o holandês/surinamês Lloyd Uno Wladimir Ernst podem ter seus nomes divulgados publicamente, segundo a Interpol.
 

O suíço Roger Ulrich, foragido de um caso de 2004, foi localizado em 2017 em seu país. Ele tem o nome na lista restrita da Interpol, mas aparecia, até junho do ano passado, como um dos mais procurados no rol de foragidos da Polícia Federal. Por isso, unicamente neste caso, O POVO optou pela divulgação completa. Roger está em sua cidade natal, Zofingen, quase fronteira com a Alemanha. Foi com ele que O POVO tentou falar, por telefone, e teve apenas o não de resposta.

Foram feitos pelo menos quatro contatos junto ao escritório geral da Interpol no Brasil, sediado em Brasília. Por email e diretamente com a assessoria de imprensa do órgão, mas não houve retorno. No alerta público da Difusão Vermelha, há pelo menos 100 brasileiros – por crimes cometidos aqui ou no Exterior. Mesmo sem restrição de divulgação, muitos nomes não aparecem atualizados no site da Interpol.

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