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Ao ser novamente interrogado pelo juiz federal Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem que o ex-ministro Antonio Palocci não assumiu a responsabilidade por atos ilícitos que cometeu.
Para Lula, Palocci, que está preso há quase um ano, “tem o direito de querer ser livre”. “O que não pode é se você não quer assumir a tua responsabilidade pelos fatos ilícitos que você fez, não jogue em cima dos outros”, afirmou o
ex-presidente.
Lula rebateu afirmações de seu ex-ministro da Fazenda, que na semana passada, também em depoimento a Moro, disse que o ex-presidente fez um “pacto de sangue” com a empreiteira Odebrecht para o repasse de R$ 300 milhões em propinas.
Cerca de dois meses após ser condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula voltou a ficar frente a frente com o juiz da Operação Lava Jato na primeira instância.
Sentenciado no caso do triplex do Guarujá, o petista foi ouvido na ação penal na qual é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sobre contratos entre a Odebrecht e a Petrobras.
Segundo o Ministério Público Federal, os repasses ilícitos da empreiteira chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal. O montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para o Instituto Lula e uma cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo do Campo de R$ 504 mil.
A audiência de ontem na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba durou cerca de duas horas. Demonstrando irritação, o ex-presidente deixou de responder
a várias perguntas.
Mas em diferentes trechos do depoimento não se furtou a falar do ex-titular da Fazenda, que tenta firmar um acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Palocci foi classificado como “calculista”,
“frio” e “simulador”.
“Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade”, disse. “Fiquei muito preocupado com a delação do Palocci, porque ele poderia ter falado ‘eu fiz isso de errado, eu fiz isso’. Ele, espertamente, disse, ‘não é que eu sou santo’ e pau no Lula. ‘Não é que eu sou santo’, que é um jeito de você conquistar veracidade na tua frase. Eu fiquei com pena disso.”
O advogado Adriano Bretas, que defende Palocci, reagiu ao depoimento de Lula e chamou o petista de “dissimulado”. Segundo o defensor, “Lula muda os adjetivos com relação às pessoas à mercê da conveniência dele”.
“Enquanto o Palocci mantinha o silêncio, ele era inteligente, virtuoso. Agora que ele começou a falar a verdade, passou a ser tido e havido como uma pessoa calculista, dissimulada. Dissimulado é ele (Lula)”, disse o advogado.
Agência Estado
SAIBA MAIS
Questionado, Lula disse que sua relação com a Odebrecht era a mesma que ele tinha com todo o empresariado brasileiro. Sobre Emílio Odebrecht, disse que o empreiteiro era tratado como um grande empresário assim como outros. Questionado se Emílio levava pedidos do grupo, respondeu que as pautas eram relativas ao “desenvolvimento do Brasil".