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Biblioteca como fronteira
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Biblioteca como fronteira

Inaugurada biblioteca comunitária criada pelo jornalista Ronaldo Salgado em homenagem a Neno Cavalcante
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A leitura é a fronteira de resistência, auto-estima e amor. Quem ensina é o professor e jornalista Ronaldo Salgado. Agora, quem aprende isso — e tanto mais — é uma comunidade inteira. Foi inaugurada, na noite de ontem, a Biblioteca Comunitária Jornalista Neno Cavalcante, na comunidade São Vicente de Paula, no Dionísio Torres, também conhecida como Comunidade das Quadras.
 

Os moradores do local chegaram ontem à biblioteca como quem desembrulha um presente. “Uma coisa dessas é muito importante. A gente não precisa mais ir na banca comprar revista ou na loja comprar livro. Agora, vai ter aqui perto pra todo mundo”, celebra a aposentada Nilza Pereira, 79. Maria Clara Damasceno, 9, já sabe disso e conta que vai buscar as histórias em quadrinhos. “Eu aprendo muito”, compartilha.
 

O local conta com mais de 3.500 exemplares, revistas, CDs, gibis, quadrinhos, obras de literatura de cordel, além de uma brinquedoteca. “Hoje, o sonho se materializa. Sonho de uma comunidade possuir um equipamento com essa envergadura, com essa dimensão em termos de importância de esclarecimento, de descoberta de novos horizontes e de perspectivas de novas realidades”, comemorou Ronaldo.
 

Segundo o professor, a ideia da iniciativa partiu do luto e do desejo de homenagear o amigo-irmão-amor Neno Cavalcante. O também jornalista tinha estreita relação com as Quadras. Após o falecimento do amigo, em agosto do ano passado, Ronaldo transformou a angústia em verso e prosa e solicitou aos amigos doação de livros. Quase faltou ar com o resultado. “A adesão foi imediata, repentina, de forma soberba que muito me impactou. As pessoas deram respostas rápidas e fizeram com que a coisa ganhasse um fôlego que era maior, inclusive, que meu próprio folego”, respira.
 

Localizada no centro comunitário da comunidade, a biblioteca é também um circuito de afetos. Um deles é o apoio do professor do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Tadeu Feitosa. Ele colabora na organização do acervo e conta que pretende transformar o local em projeto de extensão da universidade. O local já conta com estudantes voluntários para promoção de atividades. 


“(A biblioteca) é batizada com o nome de Neno, uma das pessoas mais incríveis, simples e éticas. Este é um espaço democrático de convivência. Aqui não terá preconceito porque a biblioteca é comunitária. Ela nasce coletiva, e o coletivo é plural, diverso e dinâmico”, resume Tadeu.

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