Em mais uma conquista do presidente Michel Temer, o PSDB decidiu ontem continuar na base do Governo. Não houve votação na plenária que reuniu os principais líderes tucanos em Brasília. Os discursos de caciques do partido, como o senador José Serra (SP) e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, bastaram para abrandar o movimento de desembarque, que vinha crescendo desde a última semana.
[SAIBAMAIS]Principal fiador de Temer, o PSDB se comprometeu a apoiar nas reformas (previdência, trabalhista e política) e cogita orientar sua bancada a votar pela rejeição da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. O documento deverá ser entregue à Câmara até o fim deste mês e precisa de 172 votos para chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Chegou-se a um consenso que o PSDB tem uma corresponsabilidade pelo País. Se surgir alguma outra instabilidade, ficou decidido que [o presidente interino] Tasso Jereissati chamaria o diretório para analisar”, disse o deputado cearense Raimundo Gomes de Matos.
[QUOTE1]A reunião, que estava prevista para semana passada, foi adiada na espera do resultado do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), outro trunfo de Temer. Desde as delações que implicam o presidente, uma ala do partido já pedia cautela no que tocava ao desembarque.
[QUOTE2]“O PSDB não fará nenhum movimento agora no sentido de sair do Governo. Se os fatos mudarem, terão outras análises”, afirmou ontem o senador José Serra. “É um governo que tocou adiante compromissos que assumiu conosco. Isso é visto como algo positivo”, acrescentou.
Nas bases, entretanto, e entre os tucanos mais jovens, o argumento era pela saída do Governo com entrega dos quatro ministérios ocupados pelo PSDB (Cidades, Relações Exteriores, Secretaria de Governo e Direitos Humanos).
Com a absolvição de Temer no TSE e ameaças do presidente do PMDB, Romero Jucá, que disse que “ficaria difícil apoiar o PSDB” em 2018 caso desembarcassem agora, prevaleceu a vontade do grupo de tucanos mais velhos que queriam continuar atrelados ao Governo.
Renovação
De acordo com o deputado Raimundo Gomes de Matos, que estava na reunião, foi autorizada a antecipação da convenção do partido com o objetivo de eleger um novo diretório. Atualmente, o presidente do partido é o senador Aécio Neves (MG), afastado de suas funções após ter sido atingido pelas delações da JBS. Ele teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões em propina.
Entre os nomes mais cotados para assumir a presidência nacional do PSDB, está o do presidente interino senador Tasso Jereissati (CE). A Convenção que estava prevista para maio de 2018, ocorrerá ainda neste ano, em data ainda indefinida.
O objetivo é tentar refrescar a imagem do partido. Há ainda busca por maior estabilidade dentro do PSDB. Em uma nova eleição, uma chapa pode ser negociada para agradar diversos setores da legenda. (com Agência Estado)