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Gasolina para quê te quero?
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Gasolina para quê te quero?

As vendas de carros híbridos ou elétricos cresceram. Eles, porém, ainda estão muito longe de emplacar como opção
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Pouco vemos carros elétricos, carregados na tomada como se fossem eletrodomésticos, ou híbridos, circulando. Em Fortaleza, 20 modelos totalmente elétricos do projeto de Veículos alternativos para mobilidade (Vamo) operam, distribuídos em 12 estações. Muito mais econômicos do que os movidos à gasolina, por exemplo, os híbridos são aposta de marcas no Brasil e alternativa acessível para quem busca algumas vantagens dos elétricos.  

 

Licenciamentos de carros elétricos e híbridos no País aumentaram de 1.091 para 3.296 no ano passado. Em relação a 2016, o número representa um crescimento de 202%, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). As principais vantagens dos carros elétricos são a eficiência energética e a já conhecida ausência de emissões de gases poluentes, lembra Ricardo Guggisberg, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), com sede em São Paulo. 

O Prius da Toyota é exemplo de híbrido, ou seja, com dois motores (elétrico e a combustão de gasolina) trabalhando separados ou simultaneamente. A Ford vende no Brasil a versão híbrida do Fusion. Na categoria totalmente elétrica, há o I3 da BMW e os e5 e e6 da BYD. Outras empresas aguardam regras mais claras do Governo para lançar novos produtos, como a Renault com o Zoe, a GM com o Volt e a Volkswagem com o e-Golf.

Os elétricos ainda ganham por serem econômicos e silenciosos. “O consumo mensal de eletricidade de um elétrico comum, numa cidade como Fortaleza, é muito inferior ao do chuveiro elétrico de casa. A manutenção é muito mais simples, pois o motor elétrico elimina uma série de peças mecânicas dos carros comuns, como câmbio”, diz Guggisberg. 

Em contrapartida, o custo desses carros é elevado devido aos impostos e ao tamanho do mercado. A demora para carregar as baterias e o alto custo delas também são pontos negativos. “O grande problema dos carros elétricos é que são caros. O outro problema é o tempo de recarga. Se acabou a gasolina, você para no posto e em minutos enche o tanque. O elétrico você enche em quatro horas se for rápido”, explica o professor Renato Romio, chefe da divisão de motores e veículos do Centro de Pesquisa do Instituto Mauá de Tecnologia.

Renato Romio acrescenta inconvenientes dos elétricos e híbridos que ainda não foram superados, como o baixo valor de revenda para compensar o preço da troca de bateria. No Prius, a bateria custa em média R$ 10.500. “Você comprar um usado para depois ter que trocar bateria dificulta. Mas, em geral, o híbrido consegue unir as vantagens do elétrico com a gasolina, foi uma solução boa.” Para o presidente da ABVE, os preços de elétricos e o custo das baterias devem cair quando o mercado crescer. “Segundo estudo da Bloomberg New Energy, a curva mundial de redução de preço das baterias fará um veículo elétrico custar o mesmo que um equivalente comum até 2025”, completa Guggisberg. 

PELA TECNOLOGIA

O médico Ramon Rawache, 32, dirige há um ano e dois meses na capital cearense um Prius, escolhido principalmente pela questão ambiental, mas também pelo design. Entre os atrativos para a decisão por esse híbrido, acionamento automático de faróis e carregador sem fio para smartphones. “Eu faço 19 quilômetros com um litro de gasolina. Nenhum carro me fornece isso. É um carro completo, com tudo que meu carro anterior tinha, e economia que eu não conseguia com nenhum outro, até mesmo os populares. Se eu pegar um Fiat, não vai me dar essa economia, nem tampouco toda essa tecnologia, com sete airbags.” 

QUANTO CUSTA  

 Para ter um híbrido ou elétrico, os motoristas desembolsam mais de R$ 100 mil. O POVO checou com algumas marcas

 

FUSION HYBRID (FORD)
 

A partir de R$ 160.900 Motor 2.0 Atkinson com potência de 190 cv e torque 175 Nm a 4.000 RPM 


Desde o lançamento do Fusion Hybrid, em 2010, foram vendidas 2.321 unidades do modelo no País, conforme a Ford
 

PRIUS HYBRID (TOYOTA)
 

A partir de R$ 126.600
Motor elétrico de 72 cv e torque 16,6 kgf.m e outro a gasolina de 1,8 litro VVT-i3 16V DOHC4, com potência de 98 cv e torque 14,2 kgf.m
Do começo de 2013 até abril deste ano, foram vendidas 4.446 unidades do modelo no País, de acordo com a Toyota do Brasil. A marca anunciou, em março último, o início de estudos com um Prius equipado com tecnologia híbrida flexfuel - poderá ser abastecido com gasolina e/ou etanol


I3 (BMW)


Esgotado (comercializado no mercado brasileiro em setembro de 2014 a setembro de 2017 por R$ 159.950, na versão top de linha BMW i3 REX Full)
Cerca de 170 unidades do compacto premium elétrico foram comercializadas no País, conforme a BMW. O fim do estoque coincidiu com o lançamento do novo modelo na Europa, que deve chegar ao Brasil neste ano. O preço dele será divulgado em breve.
 

Motor elétrico síncrono híbrido 172 cv torque de 25,5 kgfm a 1 RPM  

 

MENOS POLUIÇÃO

 

Para considerar 

A expectativa dos entusiastas de elétricos é pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos elétricos de 25% para 7%, mesma alíquota dos carros flex 1.0. Para os híbridos, a taxa hoje é de 13%.  

Estratégia de incentivo é discutida no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e no BNDES, diz Guggisberg. “Há um ano, o MDIC discute com a ABVE e as empresas do setor as regras do novo regime automotivo brasileiro, o Rota 2030. Entre essas regras, estão incentivos à eficiência energética dos automóveis e à pesquisa tecnológica. O governo prometeu lançar o Rota 2030 no fim do ano passado, mas até agora nada fez.” 

O Conselho Internacional sobre Transporte Limpo divulgou, na última semana, que a maioria dos veículos elétricos no mundo é produzida pelos três principais mercados para esse tipo de veículo: China, Europa e Estados Unidos. Intitulado “Power play: como os governos estão estimulando a indústria de veículos elétricos”, o documento estima, ainda, geração de vendas de mais de 13 milhões de unidades por ano até 2025. 

O professor Romio avalia que a circulação somente de carros elétricos em uma cidade como São Paulo diminuiria a poluição local. “Agora, em relação a poluição de aquecimento global, tem que considerar tudo, a eletricidade tem que vir de algum lugar. Colocar carro elétrico na China, na Europa e usar carvão para gerar energia não é bom negócio. Está gerando CO2”. Ele acrescenta que a produção das baterias, bastante poluente, deve ser levada em conta.

 Oficina específica para manutenção de carros elétricos será instalada na loja Extrema Jaguar Land Rover, que funciona desde ontem em novo endereço (avenida Santos Dumont, 6905 - Papicu). Serão atendidos somente carros das marcas, informa a diretora de Marketing da Agência Peixoto (AGP), Camila Melo. “O E-Pace da Jaguar vai ser o primeiro carro elétrico que iremos comercializar, previsto para o primeiro trimestre de 2019. Até 2020 toda linha terá opção elétrica ou híbrida”, complementa.  

“Hoje, no Brasil, a mobilidade elétrica talvez seja mais visível no setor de veículos pesados. Circulam no País cerca de 400 ônibus elétricos, híbridos e trólebus, a maioria em São Paulo. Esses ônibus foram produzidos por fábricas instaladas aqui, como a Eletra, a BYD, a Volvo e a Mercedes-Benz. No fim do ano passado, duas empresas 100% nacionais, a Eletra e a WEG, participaram diretamente do lançamento mundial, na Alemanha, do primeiro caminhão elétrico da Volkswagen, o e-Delivery. Em breve, você o verá nas ruas de Fortaleza”, argumenta Ricardo Guggisberg, presidente da ABVE. 

“O elétrico tem aparente benefício ecológico, mas para efeito global ele é discutido, pois vai depender de onde será usado. Para grandes centros, porém, tem um benefício. O problema é por causa da venda: para se ter efeito em um grande centro [urbano] tem que ter volume significativo e depende de um valor camarada. Um carro a etanol no Brasil emite menos CO2 do que um carro elétrico rodando na Europa”, defende o professor Renato Romio, chefe da divisão de motores e veículos do Centro de Pesquisa do Instituto Mauá de Tecnologia.  

Multimídia 

Confira o estudo sobre mercado global de veículos elétricos na íntegra em https://bit.ly/2IBXVJP

 

Carros compartilhados

Dos 20 carros elétricos compartilhados no sistema Vamo, cinco são do modelo “BYD e6” e quinze do modelo compacto “Zhidou EEC L7e-80”. Além das 12 estações na cidade, o sistema conta com mais seis vagas para a devolução dos carros elétricos na Praça do Ferreira, Dragão do Mar, Náutico, Praça das Flores, Praça da Gentilândia e Shopping RioMar.

A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) aponta que já foram realizadas 3.015 viagens, com 3.463 usuários cadastrados no sistema. Os carros elétricos compartilhados podem estacionar nas vagas de Zona Azul gratuitamente. 

Para realizar o cadastro, os usuários devem fornecer e-mail no website do sistema  em www.vamofortaleza.com. Após a confirmação do e-mail, é preciso enviar dados pessoais e fotos da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e de comprovante de endereço. As informações serão verificadas pela operadora, que entrará em contato com o usuário para agendar hora, data e estação de desejo do usuário para a assinatura do Termo de Responsabilidade, bem como para realizar test-drive acompanhado de técnico. Confira as taxas:

- Para até 30 minutos de uso: tarifa reduzida de R$ 20,00 para R$ 15,00 (redução de 25%);

- Para até 1 hora de uso: tarifa reduzida de R$ 44,00 para R$ 20,00 (redução de 54%);

- Para até 2 horas de uso: tarifa reduzida de R$ 80,00 para R$ 30,00 (redução de 62%);

- Para até 3 horas de uso: tarifa reduzida de R$ 110,00 para R$ 35,00 (redução de 68%);

- Entre 3 horas e 5 horas de uso: tarifa de R$ 35,00, com acréscimo de R$ 0,30 por minuto adicional;

- A partir de 5 horas de uso: R$ 71,00, com acréscimo de R$ 0,50 por minuto adicional. 

Estação 1 – Igreja de Nazaré (Rua André Chaves, 177 – Montese – em frente à Igreja de Nazaré) 

Estação 2 – North Shopping (Rua Moreira de Souza, 58 – Parquelândia – ao lado do Banco do Brasil)

Estação 3 – Praça Luiza Távora (Av. Santos Dumont, oposto ao número 1546 – Aldeota)

Estação 4 – Center Um (Rua Barbosa de Freitas, 1100 – Aldeota)

Estação 5 – Iguatemi (Av. Washington Soares, s/n – Edson Queiroz)

Estação 6 – Praça Martins Dourado (Rua Bento Albuquerque, s/n – Cocó)

Estação 7 – Praça da Imprensa (Rua Visconde de Mauá, s/n – Dionísio Torres)

Estação 8 – Praça Antônio Prudente (Av. Historiador Raimundo Girão, s/n – Meireles)

Estação 9 – Igreja de Fátima (Av. Deputado Oswaldo Studart, s/n – Fátima)

Estação 10 – Unifor (Av. Dr. Valmir Pontes, esquina com Av. Washington Soares – Edson Queiroz)

Estação 11 – Igreja Matriz da Parangaba (Rua Sete de Setembro, 217 – Parangaba)

Estação 12 – North Shopping Jóquei (Av. Lineu Machado, 419 – Jóquei Clube) 

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