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Pets: eles geram mercado
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Pets: eles geram mercado

Como as relações afetivas entre pessoas e animais de estimação têm aquecido os negócios e gerado empregos
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O veterinário Tiago Ferreira aponta que, cada vez mais, as pessoas tem optado por criar animais de estimação, para companhia ou até terapia (Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo)
Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo O veterinário Tiago Ferreira aponta que, cada vez mais, as pessoas tem optado por criar animais de estimação, para companhia ou até terapia

O Brasil já em 2013 era lar para 132,4 milhões de animais de estimação, sendo 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa a quarta maior população total do mundo em animais de estimação, além de ser a segunda maior do mundo quando considerado o número de cães, gatos e aves canoras e ornamentais.

A partir desses números, os negócios na área se mantém aquecidos mesmo em meio a crises. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET) informou, em 2017, que o País teve o terceiro maior faturamento do mundo em mercado pet, totalizando R$ 20,3 bilhões. Dessa quantia, 68,6% foram voltados para alimentação, 15,8% para serviços, 7,9% para equipamentos, acessórios e produtos de higiene e beleza animal e 7,7% para medicamentos veterinários.

Diante disso, o mercado profissional voltado para o setor segue aquecido. Tiago Ferreira é veterinário há dois anos e meio e garante que a demanda do mercado vem aumentando. "Alguns tutores inclusive optam pela tutela de cães e gatos ao invés dos filhos humanos", indica.

Com cerca de nove atendimentos por dia, entre consultas e vacinas, Tiago destaca as áreas de dermatologia e oncologia como referentes ao maior número de casos na rotina de cães e gatos. Também atuando como professor universitário, Tiago confirma que, apesar de ramos como medicina de animais silvestres e animais aquáticos virem crescendo em procura dos estudantes, a maioria dos alunos formados ainda se direciona para a área pet.

 "Para o profissional que está ingressando agora na área de pets, a principal dica que eu dou é: não deixe de estudar. A Medicina Veterinária está em constante evolução, e a melhor forma de prestar um serviço de excelência é mantendo-se sempre atualizado", sugere.

João Alves ainda é acadêmico em veterinária mas já administra o próprio pet shop. Mesmo estando há apenas seis meses no ramo, ele conta que o crescimento da demanda foi perceptível. "Quando a gente começou tinha pouca mercadoria, pouca ração, e quando foi passando o tempo a gente foi aumentando bastante a demanda. Nós temos bastante banho e tosa também mas o principal é ração", explica.

Para conseguir administrar a loja, o proprietário da Gapas Pet realizou cursos online de empreendedorismo. O objetivo é fazer um curso de banho e tosa, atividade que, atualmente, é realizada por um profissional contratado no estabelecimento, e abrir uma clínica veterinária ao final da faculdade. Lucrando entre R$ 3 mil e R$ 5 mil por mês, o negócio investe no atendimento personalizado. "Hoje eu recebo muitos clientes que se queixam bastante de outros estabelecimentos que não têm um bom atendimento e nós ganhamos muito nisso, muitos clientes retornam por causa do atendimento".

Sociabilidade pet

Esse amor incondicional pelo animalzinho e a vontade de tê-lo sempre por perto tem motivado vários estabelecimentos a adaptarem os espaços para os amiguinhos de quatro patas. A Benévolo Café e Gelato, por exemplo, oferece, desde 2017, gelatos especialmente desenvolvidos para os pets. Nos sabores banana, melancia e manga, não apresentam adição de açúcar ou leite.

"Entendemos que o pet é considerado um membro da família pela maioria das pessoas, então poder ter um momento com ele nessa hora levaria ao cliente a satisfação que buscávamos. O Gelato PET foi pensado para isso, um prazer que ele proporciona para quem ele ama. Todos até aqui só nos dão apoio pela iniciativa", explica Jefferson Deywis , colaborador da Benévolo. Apesar dos cachorros serem os mais adeptos do gelato, Jefferson garante que o produto não tem contraindicação para outros pets.

Diariamente, as três lojas da marca são frequentadas pelos cachorrinhos. A partir de regras de convivência como manter o animal na guia, verificar se pessoas de mesas próximas não se incomodam com o bichinho e evitar agitação e latidos constantes, uma harmonia com os demais clientes é estabelecida. É possível, até, reservar o espaço para realizar uma festa especial para o pet. Atualmente, a empresa estuda a produção de biscoitos e outros produtos para os bichinhos.

O remodelamento de negócios com espaços pet friendly para agradarem aos clientes e seus bichinhos de estimação levantou um grande questionamento para a prática: como controlar e adequar a convivência do pet ao espaço social? Assim, o adestramento animal, inicialmente voltado para a percepção utilitária do bicho, rapidamente precisou mudar o foco dos métodos utilizados.

Olivier Soulier começou na área em 1976, como hobby, na França, e já atua profissionalmente há 25 anos no Brasil. Proprietário do Espaço Canino Olivier Soulier (EAOS), ele explica que os animais passaram a ser criados com excessos de mimos e escassez de limites, regras de convívio e ensinamentos para lidarem com frustrações.

"As dificuldades, sempre maiores, encontradas na convivência de proximidade e o crescimento exponencial do mercado pet impulsionaram consequentes investimentos nessas novas áreas do comportamento e do condicionamento dos animais domésticos, até então pouco consideradas", explica Olivier.

Assim, tornou-se necessário um aprofundamento do conhecimento dos comportamentos de animais domésticos e dos tutores, já que os proprietários precisam participar ativamente do processo de treinamentos e aplicar as técnicas ensinadas nas aulas. A partir desse novo contexto, Olivier revela que outro segmento ganhou força, já que os animais continuavam carentes de atividades ocupacionais e de socialização constantes.

"Passamos a ensinar novas rotinas de manejo diário dos animais no objetivo não somente de facilitar a aprendizagem de bons modos, mas também de enriquecer o dia a dia dos bichinhos. Isso que gerou e continua desenvolvendo o aparecimento de novos segmentos do mercado pet, com brinquedos ocupacionais e cognitivos sempre mais sofisticados, atividades de treinamentos recreativos e, mais recentemente, as creches ou daycares caninos", destaca Olivier.

Média salarial no Brasil

Veterinário: R$ 2.488,97

Adestrador: R$ 1.005,13

Fonte: Catho

 

Quanto vale o mercado

Benévolo Café e Gelato

Gelato Pet: R$ 10

Reserva: mínimo de 8 a 20 pessoas, de acordo com a loja

Gapas Pet

Ração (kg):

Magnus: R$ 10

Whiskas: R$ 13,50

Friskies: R$ 13,50

Golden: R$ 14,50

 

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