Necessidade de trabalhar para compor a renda familiar, gravidez na adolescência e falta de acesso à educação pública é o cenário que, muitas vezes, tira milhões de brasileiros da escola. A taxa de escolarização da população entre 15 e 17 anos alcançou 87,2% em 2017, mas apenas 68,4% cursava o ensino médio, ou seja, na idade esperada - dados do IBGE (maio, 2018). Há uma enorme parcela de adolescentes fora da escola e, consequentemente, adultos sem o ensino fundamental ou médio completo.

Frequentar os Centros de Educação de Jovens e Adultos (Cejas) em horários flexíveis é a maneira encontrada por quem teve os estudos interrompidos por prioridades mais urgentes. Mas para sonhar com uma faculdade é preciso obter certificados de conclusão dos ensinos fundamental e médio. Criado em 2002, o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) reassumiu no ano passado a certificação do ensino médio no Brasil.

 [SAIBAMAIS]

É obrigatório atingir o mínimo de 100 pontos em cada umas das áreas de conhecimento e cinco pontos na prova de redação para garantir o certificado. Dos 578.865 candidatos presentes no exame do ensino médio este ano, 36% conseguiram a certificação completa, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). As provas foram aplicadas em todo o Brasil no último dia 5 de agosto, mas também foram realizadas em dias diferentes no exterior e nas unidades prisionais e socioeducativas.

"Os conteúdos são os mesmos da base regular, difere a maneira como os assuntos são abordados", explica o professor de Física Kléber Machado, lotado no Ceja do bairro Centro, em Fortaleza. Enquanto no Enem as perguntas são multidisciplinares, as provas do Encceja trazem questões mais diretas. Além disso, se conseguir nota mínima somente em algumas das provas, o estudante pode solicitar a declaração parcial de proficiência. No ano seguinte, é possível refazer o Encceja para obter nota nas demais provas. É o caso da jovem Maria Samara Magalhães da Silva, 19, que não obteve nota mínima nos conteúdos de Matemática, Física, Biologia e Química.

Na disciplina de Kléber, a maior dúvida dos alunos é a compreensão de texto. "O aluno não consegue entender o que a questão dá e não entende o que ela pede, essa ausência de capacidade interpretativa é um problema seríssimo". A professora de Língua Portuguesa do Ceja, Rogeila Nunes, concorda: "eles têm dificuldade (na parte de interpretação) pela falta de leitura". "Tenho mais de 20 anos de estrada, o aluno de EJA, por diversas dificuldades, consegue ser mais interessado que o aluno da escola regular, até mais que o aluno da escola particular", completa Kléber.

4 provas objetivas e uma redação

30 questões de múltipla escolha em cada prova objetiva

592 municípios brasileiros com aplicação de prova