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O sabor de educar
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O sabor de educar

A gastrônoma Kersya Coêlho conta o passo a passo que a levou a assumir a coordenação de um curso de graduação
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A educação sempre foi um ingrediente que Kersya Coêlho, 40, soube trabalhar bem. Aos 17 anos, iniciou os estudos na faculdade de Pedagogia, na Universidade Estadual do Ceará (Uece). Anos depois, entrou para a primeira turma de Fisioterapia da Estácio FIC, curso que a levou a montar uma clínica de estética.

Com a chegada dos filhos, foram dois anos de pausa até ver o anúncio de abertura do curso de Gastronomia da UniFanor, em 2012. Decidiu não retomar os trabalhos na área da saúde e seguir com uma paixão antiga. "Fiz Gastronomia totalmente por hobby, satisfação pessoal. Eu sempre gostei de cozinhar e foi a chance que eu tive", diz. Já há muito tempo ela fazia cursos de culinária promovidos pela Alteza. Cursos que duravam um dia, de Filé, de Risoto, de Fondue, de Bem-casado "Nessa época não existia curso de Gastronomia de ensino superior", lembra.

Resolveu fazer Graduação e Pós em Gastronomia ao mesmo tempo e na mesma instituição. Quando concluiu, surgiu o convite para ser professora. "O ponto alto foi logo depois, quando assumi a coordenação de um curso que eu amo e na instituição que eu me formei. Prova de que tudo foi bem ensinado a ponto de confiarem em mim para o cargo."

Segundo ela, o principal desafio de seguir carreira acadêmica é a necessidade de mestrado e de doutorado na área. "O que a gente tem é o mestrado em Hospitalidade, em São Paulo, que teria alguma semelhança com a Gastronomia. O lugar mais próximo que tem mestrado na área é em Portugal". Para lecionar, a saída foi fazer mestrado na antiga área, em saúde, com linha de pesquisa que envolve a cozinha. Sugestão que dá para quem quer ensinar na área. Para o futuro, Kersya planeja o doutorado, dessa vez em Educação.

Dica da gastrônoma para novos profissionais: buscar conhecimento além da sala de aula. "Se você tem a técnica e a prática na formação, consegue fazer até cursos online, eles ajudam bastante. Para quem nunca teve prática física, é mais difícil."

Gênero ainda é um prato amargo. Em um mercado em que os homens ainda lideram os grandes restaurantes, Kersya acredita que o cenário muda. "A cozinha doméstica sempre foi um canto para mulher, e a cozinha profissional para homem, os grandes chefs. Depois que surgiram as faculdades, as mulheres estão entrando nesse mercado", observa.

MULTIMÍDIA

Confira o vídeo do Perfil Profissional de Kersya em https://bit.ly/2Fq8ZYK

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AULA E COZINHA

Por que optou pela educação, e não por montar um restaurante?

"Nunca pensei em montar restaurante, acho que pela situação dos filhos. Tudo que tive de fazer fora eu fiz na Fisioterapia, fui fazer especialização fora, aperfeiçoamento em São Paulo, passei meses afastada, e com filhos pequenos acabei modelando mais minha vida, sabia que não ia conseguir."

Os programas de TV têm impulsionado novos estudantes de Gastronomia?

"Demais. Esses programas, eu brinco que são um mal necessário. Porque a Gastronomia está em um lado glamouroso, embora tenha todo o sacrifício. Os alunos chegam vendo tudo lindo e vão aprender que ninguém vai sair da sala de aula sem limpar o chão. Vão aprender que precisam economizar, que precisam limpar, porque quando saem para o mercado de trabalho, vão ter que fazer isso. E aí perde um pouco o glamour da TV, cai total. Tem suor, carrega peso, tem estresse, pressão..."

Quais suas referências em gastronomia?

"A gente pode citar Alex Atala, que trouxe a valorização do Brasil com a descoberta dos insumos da Amazônia. Também há Helena Rizzo, Roberta Sudbrack... Na cozinha nordestina, Rodrigo Oliveira do Mocotó."

 

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