Fazer faculdade pessoalmente requer disponibilidade de horário para que haja dedicação nas aulas e para o deslocamento de ida e volta. Quando não se tem esse tempo vago, o mais viável poderia ser cursar a distância. Porém, existe um meio termo para aqueles que não podem ir até a instituição de ensino com tanta frequência, mas ainda assim não querem se desligar completamente do presencial.

O empreendedor e músico Marcos Ferreira, 38, optou pela modalidade semipresencial por já ter sua agenda dedicada ao trabalho, à música e a seu hobby de colecionador. Durante o dia, trabalhava com o fornecimento de artefatos de couro na empresa de sua família. À noite, ensaiava com a sua banda Pop U2, de pop rock internacional dos anos 1980 e 1990. Além disso, gostava de cuidar, de limpar e de revezar suas coleções de action figures. Apesar de estar afastado da sala de aula por 20 anos, decidiu voltar a estudar para mudar de ramo, atualizar-se, criar um networking e abrir um bar. Assim, finalizou a graduação em Marketing este ano, e o novo estabelecimento tem a possibilidade de ser inaugurado neste mês.

A princípio, demonstrou uma certa resistência ao ensino online. "Não me sentiria completamente à vontade sem ter o contato físico com a instituição, inicialmente. Era mais receio de estar entrando em um método que seria uma inteligência artificial, como se fosse uma secretária eletrônica que respondesse automaticamente. Eu não tinha a certeza de que teria alunos participando", revela. Persistiu e conseguiu se formar com Coeficiente de Rendimento (CR) máximo, que é a média das notas de todas as disciplinas. "Com um pouco de paciência, você se adapta e passa a viver aquilo de forma natural. Hoje em dia, parece natural falar com um professor por mensagem por causa da tecnologia."

Em uma plataforma da Internet, são disponibilizados vídeo-aulas, livros, atividades que os estudantes têm acesso livremente. Aulas presenciais ocorrem ao longo da semana, a quantidade varia de acordo com a instituição: algumas são duas vezes e outras, três. Também, nem todas cobram a frequência presencial do aluno. Por exemplo, na Estácio, as disciplinas são em conjunto com os estudantes matriculados na modalidade presencial. Já na Unifanor Wyden, as aulas são encontros com os professores para retirada de dúvidas. Porém, as avaliações não podem ser feitas virtualmente por exigência do Ministério da Educação (MEC).

Uma das principais vantagens elencadas é a flexibilidade. Dessa forma, o auxiliar administrativo Diego Moura, 28, nem considerou a opção de um curso em outro formato, mesmo nunca tendo tido uma experiência de estudo a distância antes. "Eu trabalho em Caucaia, entre 7h e 16h50min. Daqui, eu vou direto para a faculdade e fico das 19h até às 21h". O objetivo é conciliar o trabalho com a graduação em Engenharia de Produção. Para Roberto Aguiar, coordenador dos cursos semipresenciais da Wyden, o perfil de quem opta pelo semipresencial são pessoas jovens que já estão no mercado de trabalho ou que viajam com frequência devido ao emprego.

Outro atrativo é o valor da mensalidade que, muitas vezes, é menor. "O investimento é menor do que um presencial, devido aos custos de infraestrutura para um curso presencial. O aluno sente essa diferença no bolso. Ele vai ter o mesmo título com a comodidade de cursar a disciplina em qualquer lugar", ressalta Roberto Aguiar. "A mensalidade do presencial é maior que o do flex (semipresencial), que por sua vez é mais caro do que o 100% a distância. Tem aula virtual, tem capacidade maior de replicar e de otimizar os nossos custos", explica Ana Flávia Chaves, reitora do Centro Universitário da Estácio do Ceará.

As tecnologias possibilitam a comunicação em tempo real com os colegas para compensar o corpo a corpo da sala de aula, mas os alunos ficam dependentes da Internet. "Não é todo mundo que tem condições de ter um computador, notebook ou tablet. Temos alunos aqui de ProUni que tem o perfil um pouco diferente dos nossos outros estudantes, pode ser que eles tenham mais dificuldade no acesso", argumenta Marcos Ricarte, coordenador do núcleo de educação a distância da UniChristus. Segundo Roberto Aguiar, a experiência de mercado que o professor pode compartilhar em sala de aula fica mais limitada pelo contato online.

De acordo com a reitora do Centro Universitário da Estácio do Ceará, autoconhecimento é essencial para o estudante conseguir avaliar qual sua melhor forma de aprendizagem. "Já teve aluno que entrou no presencial, depois de uma entrevista com a nossa equipe, a gente descobriu que ele tinha mais perfil de flex. A Estácio tem a mesma estrutura curricular para o presencial, a distância e o flex. Isso é uma grande vantagem, porque os alunos podem migrar". O aluno precisa analisar se tem a disciplina necessária para assistir às aulas e fazer as atividades sem estar na instituição. "Às vezes, as pessoas criam essa falsa fantasia de que é só abrir o computador, fechou e aprendeu", completa Ana Flávia.

Vantagens

1 - O estudante não precisa ir todos os dias à instituição de ensino, também economiza o tempo de deslocamento;

2 - Como o conteúdo fica disponível na Internet, é possível reassistir e reler quantas vezes forem necessárias;

3 - A flexibilidade torna possível encaixar o estudo nas horas livres, como horário de almoço;

4 - Fica mais fácil de conciliar a graduação com um emprego, com o tempo dedicado a cuidar dos filhos, com hobbies;

5 - Em várias instituições, a mensalidade de um curso semipresencial é mais barata em relação ao do presencial;

6 - A credibilidade do diploma de um curso feito a distância é a mesma de um presencial.

Desvantagens

1 - O contato com o professor é mais reduzido em relação a um curso presencial e, consequentemente, experiências trazidas por ele sobre o mercado de trabalho também ficam mais limitadas;

2 - A vivência com colegas de classe que estão passando pelos mesmos passos e pelos mesmos obstáculos também é mais restrita;

3 - O sistema semipresencial é dependente da Internet, o que requer investimento em aparelhos eletrônicos, como computadores, notebooks, tablets ou smartphones.