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Desbravadora nata
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Desbravadora nata

A estudante Ivna Gomes conquistou a primeira medalha de ouro brasileira na Olimpíada Internacional de Química
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Enquanto alguns lidam os estudos como uma obrigação, outros encaram como se fosse uma porta de entrada para um novo mundo a ser desbravado. Por pura curiosidade de uma adolescente no nono ano do Ensino Fundamental, a estudante Ivna Gomes começou a gostar de Química nas aulas de olimpíada. A princípio, sentiu dificuldade e tinha vontade de chorar quando não conseguia resolver os exercícios. Mas nem passava na cabeça da menina que ela conquistaria um dos patamares mais elevados em competições mundiais nessa área aos 16 anos.

Hoje, no terceiro ano do Ensino Médio, Ivna já coleciona histórias de suas viagens que fez guiadas pelo amor à ciência. Além de conhecer outros estados, como São Paulo e Piauí, visitou a Tailândia em 2017, onde ganhou a medalha de prata na Olimpíada Internacional de Química. Em julho deste ano, participou da 50ª edição da competição, que aconteceu na República Tcheca e Eslováquia, e foi premiada com a de ouro. Diferente do ano anterior, a conquista não era apenas individual, porque essa seria a primeira vez que um brasileiro trouxe para casa medalhas douradas.

"A gente nunca tinha tirado ouro. Era sempre duas pratas e dois bronzes, três pratas e um bronze. Agora foram dois ouros, uma prata e um bronze. Foi um saldo gigantesco", conta. De bagagem, também traz as amizades que se firmaram e ela conta serem as melhores coisas que a Olimpíada lhe agregou.

Desde pequena, recebeu bastante incentivo da sua família em casa para estudar, principalmente da sua avó, com quem mora. "Ela sempre me mandava estudar muito, me ajudava nas coisas que eu precisava, sentava para estudar comigo", conta. No colégio Farias Brito, os professores Antonino Fontenelle e Sérgio Matos acompanham seus estudos desde 2016. "Considero eles meus amigos hoje em dia. A ajuda deles foi além da sala de aula e eles dois me inspiram muito para seguir a carreira de Química, talvez", afirma.

Ivna mantém a simplicidade de uma garota comum prestes a se formar no Ensino Médio. Por mais que se dê bem com as ciências exatas, sente um pouco de dificuldade nas humanas. Quando não está ocupada com os livros didáticos, passa seu tempo saindo com amigos e assistindo séries de televisão, como Lost e Friends.

Também, passa pela clássica indecisão de qual carreira seguir, mas já tem uma certeza entre o mundo de opções. "Eu sei que em algum momento eu quero trabalhar dentro de um laboratório, porque sinto muita afinidade. Não sei se na Química, não sei se na Química Medicinal, com remédio, ou então na Química Orgânica", analisa.

MULTIMÍDIA

Confira o vídeo do Perfil Profissional de Ivna em https://bit.ly/2Fq8ZYK 

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SEM DECOREBA

Como receber a primeira medalha de ouro brasileira?

Não era esperado. Quando passou o último grupo das pratas, porque eles vão chamando de baixo para cima, e meu nome não estava lá, todo mundo começou a gritar. Até a moça que estava apresentando chamou os nossos mentores para subir e para explicar porque a gente estava fazendo um alvoroço tão grande quando passaram as (medalhas de) pratas. Lá em cima, ela me perguntou o que estava acontecendo e eu expliquei. Foi um alvoroço, todo mundo surpreso, porque o Brasil nunca tinha pego e pegou dois ouros de uma vez. Foi uma alegria gigante.

Quais dicas você poderia dar para pessoas que não gostam de estudar Química?

Acho que é a pessoa não procurar decorar as coisas. Dizem que Química é muito decorativo. Então, é você tentar entender o que você estava tentando decorar em vez de decorar por decorar, é tentar entender o que está acontecendo. Acho que essa é uma dica que vai deixar menos exaustivo o estudo. Tem que entender a lógica.

Quais desafios você enfrenta em ser mulher estudando Química?

Eu vou falar a verdade que eu nunca sofri discriminação. Eu. Mas eu sei que, no nosso País e no mundo, existe a tendência desse estereótipo de que ciência não é uma coisa de mulher, que isso é passado para gente desde muito cedo. Isso se reflete nos números, mesmo que eu não tenha sofrido isso. Agora que eu viajei eram 300 competidores, só 20 meninas. O número é bem baixo, menos de 10%. Isso é um reflexo desses estereótipos que existem. 

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