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Quem trabalha com a paixão nacional
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Quem trabalha com a paixão nacional

O futebol gera oportunidades de carreira que vão desde o jogador em campo até jogador de futebol digital
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No próximo domingo, a seleção brasileira entra em campo e vai fazer vibrar no coração de cada brasileiro a emoção de ser torcedor. O futebol, paixão nacional brasileira, é festa, adrenalina e acontece também de ser sofrimento (nunca esqueceremos o 7 a 1 de 2014). Mas tem uma turma que vibra não do lado de quem torce, mas de quem trabalha com futebol. Desde as profissões em campo, como o jogador, técnico e árbitro até as atividades "de bastidores", como fisioterapia, nutrição esportiva e professores, as possibilidades de carreira com futebol são muitas.

"As vagas com maior demanda continuam sendo a de treinador e preparador físico. Hoje o mercado está mais especializado do que uma década atrás. A figura do analista de desempenho seguramente é uma com maior crescimento, a que emprega mais profissionais nos últimos anos", destaca Bruno Pasquarelli, pesquisador da área de análise do rendimento e pedagogia do futebol.

Outro segmento que vem crescendo é o futebol digital profissional. Yuri Fugita, 18, estudante e músico, é também jogador profissional do game Pro Evolution Soccer (PES). Ele, que diz não se dá muito bem com a bola em campo, achou no videogame a habilidade com o futebol. "Comecei brincando e meu padrasto é dono de uma locadora, onde jogam os melhores do Estado. Eu praticamente morava lá", diz ele, que joga como goleiro nos campos virtuais.

Jogador profissional desde os 15 anos, Yuri já ganhou uma Copa do Nordeste, a Copa brasileira e um Campeonato Sana, todos em 2016, e este ano, já ganhou o Campeonato cearense, outro Sana e a seletiva para a Copa brasileira. A dica, segundo ele, é começar a treinar devagar, "não precisa passar 24 horas jogando". "É bom jogar uma ou duas horas por dia e conversar com quem entende. Também participar dos campeonatos porque é diferente de jogar em casa. Em campeonato, tem torcida, vem gente de fora, é como se fosse um jogo de futebol de campo mesmo", comenta.

Para Pasquarelli, conciliar o hobby como responsabilidade é possível, mas precisa equilíbrio. "Não há porque separar desde que a paixão não seja exacerbada e impeça a pessoa de tomar decisões racionais e voltadas para a melhora do todo e do bem comum. É preciso trabalhar com objetividade e deixar a emoção para os 90 minutos de jogo", diz.

Yuri, por exemplo, conta que dosar o tempo que passa jogando é fundamental. "Eu vou para locadora duas a três vezes por semana e um dia antes de algum campeonato eu não jogo", conta.

E o interesse em se especializar em futebol é crescente. Segundo Guilherme Yamanaka, CRM Controller da Universidade do Futebol (universidadedofutebol.com.br), em 2016 houve aumento de 80% nos interessados pelos cursos da instituição e em 2017 o aumento foi de mais 30%. "Em 2017, estudaram conosco mais de 3 mil alunos, contando os alunos que se matricularam também em cursos gratuitos", diz. Dentre os cursos da Universidade estão: "Tática no Futebol", "Princípios para ensinar bem o Futebol" e "Gestão e Marketing no Futebol".

Jogador 

As possibilidades de escolha para um jogador vão desde as posições (atacante, meia, goleiro) até as chances em diferentes categorias de base, ser capitão do time ou não etc.

Não é fácil chegar ao nível mais alto da categoria. Segundo Sérgio Papellin, executivo de Futebol do Fortaleza Esporte Clube, de 1000 jogadores, apenas três ou quatro conseguem chegar ao profissional. 

"Tem de ter talento, dedicação e paciência. Vontade de acatar o conselho de pessoas mais experientes e não pode ter nenhum vício, até pelo exame de dopping, em que pode pegar suspensão de até quatro anos e já manchar a carreira", diz.

É importante começar cedo também. Papellin conta que é comum os meninos já começarem a partir dos 10 anos jogando futsal no colégio. "Os pais então vão investindo nele, colocam em alguma escolinha do clube ou do colégio mesmo e vão crescendo", indica. 

Segundo ele, não é o mesmo com as meninas, que chegam mais tarde no trabalho de base. "As meninas começam a partir de 15 a 17 anos a aparecerem nos clubes e geralmente antes se destacam nos colégios mesmo." O executivo também avisa: "Depois dos 20 anos para começar é mais difícil."

Salário: A partir da categoria sub 17, os jogadores podem ganhar até um salário mínimo (R$ 954) se fecharem contrato com o clube. A partir do sub 20 e profissional, os salários sobem, mas variam muito e podem ser somados aos possíveis patrocínios.  

Treinador

O profissional que comanda o time tem de estar preparado na prática e no currículo. "O técnico de futebol de salão, regional ou nacional, obrigatoriamente tem de ser formado em Educação Física. No futebol de campo não é assim. Há muitos ex-atletas com experiência prévia que começam a carreira como técnico", diz André Igor Fonteles, professor de futebol da Universidade Federal do Ceará. Por outro lado, ele destaca que tem sido cada vez mais comum treinadores sendo formados em Educação Física. Como exemplo, o atual técnico da seleção brasileira, Tite, e Carlos Alberto Parreira, último campeão mundial.

André defende que cursos como Análise de Jogo e de Desempenho são abordagens que profissionais de Educação Física militantes no futebol têm de fazer. "A gente trata hoje o futebol como ciência e é preciso pensar em um modelo holístico, integrativo", diz.

O professor cita locais de formação como a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF). E em Fortaleza, grupos de estudos na UFC e Unifor de análise do controle de cargas de treinamento dos atletas.

Salário: especula-se que o salário anual de Tite seja de R$ 14,5 milhões.

Árbitro 

Para apitar um jogo de futebol profissional, é preciso fazer o curso de Formação de Árbitros promovido anualmente pela Escola de Arbitragem da Federação Cearense de Futebol (FCF). O curso dura 11 meses e dentre as disciplinas estão regras do jogo, primeiros socorros, noções de Direito, Psicologia e Nutrição.

"Mesmo depois do curso, ele precisa estar se atualizando porque as regras, por exemplo, sofrem alteração todos os anos. É importante ter disponibilidade para viajar também", destaca Paulo Silvio dos Santos, presidente da Comissão de Arbitragem da FCF.

Depois de formado, o árbitro escolhe entre juiz e bandeirinha e depois entra para o quadro da Federação que organiza a escala de profissionais para os jogos. "A escolha é feita pela capacidade técnica, rendimento e tempo de Federação. O árbitro, dependendo da escala, pode passar até dois meses sem apitar um jogo", diz Paulo Silvio.

Salário: O árbitro ganha por jogo apitado. Um jogo de categoria de base, sub 17 e 20, é R$ 170. Um jogo profissional de segunda divisão é de R$ 600, enquanto o de primeira divisão é de R$ 1.200. Um jogo do campeonato brasileiro é de R$ 2.500 e jogos Fifa podem chegar a R$ 5.000. Todos os valores são médios e variam pelo porte do jogo e dos times e da experiência do árbitro.

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