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Na linha do impedimento
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Na linha do impedimento

Carolina Romanholi atua como assistente de arbitragem há mais de 10 anos e já trabalhou em quase todos os estádios do País
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Bandeirinha em mãos para correr de uma ponta a outra do campo, com atenção redobrada em cada lance dos jogadores. Ser assistente de arbitragem requer, além da preparação física, amplo domínio das regras de futebol. E isso a assistente de arbitragem Carolina Romanholi, 31, faz há mais de 10 anos, após o curso na Federação Cearense de Futebol (FCF) e graduação em Educação Física. "Começa atuando nos jogos amadores, sub 13, sub 15, sub 17, e de acordo com o que você vai se destacando vai subindo de categoria para o sub 20, 3ª divisão do Estadual que já é o profissional, Fares Lopes, 2ª divisão, 1ª divisão", traça ela. 

Carolina herdou da mãe o gosto por futebol, mas a carreira de assistente de arbitragem exigiu muito estudo das regras do jogo, ora em inglês ora em espanhol. Ela chega a fazer três testes físicos por ano para fazer cursos RAP-FIFA e estar habilitada aos jogos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). "Tem uma prova teórica e o teste físico, então tem que estar sempre com o físico perfeito". A rotina é acordar 7h e começar as lições, o que não difere muito do dia a dia da educadora física em Fortaleza.

Na Capital, ela dá aula em duas academias. Estuda Jornalismo pensando em, no futuro, ser também comentarista de arbitragem. Antes da arbitragem, Carolina também praticou handebol por anos e, mais recentemente, atletismo. "Eu rodei o Brasil todo por causa de jogos, eu só não fui ao Espírito Santo, Mato Grosso e Acre, mas no resto já fui em todos os estádios", acrescenta.

Além da rotina de exercícios físicos e teóricos, há situações em que é necessário diminuir percentual de gordura. "Todo mês a nutricionista está fazendo avaliação física, se estiver acima do peso você sai das escalas e não trabalha", explica.

Por ser mulher em um ambiente predominantemente masculino, Carolina precisou superar o preconceito ao marcar lances e até a violência, quando há revolta entre jogadores e torcida. "A gente precisa de mulheres de garra, porque tem muitas meninas que fazem o curso de arbitragem e desistem. Tem realmente que treinar pesado, mas tem que ter força de vontade porque se não tiver abandona no primeiro ano", completa.

MULTIMÍDIA

Assista aos vídeos do Perfil Profissional em: https://bit.ly/2Fq8ZYK

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MEIO DE CAMPO

O QUE É PRECISO PARA SER UMA ASSISTENTE DE ARBITRAGEM?

A gente tem que correr muito, ter um bom preparo físico e estudar bastante as regras.

O QUE FOI MAIS DIFÍCIL NA SUA CARREIRA?

O mais difícil é o preconceito. Bom, xingamento em jogo já teve muito, antigamente tinha bem mais. Hoje, já está bem menos, esses xingamentos, esses preconceitos, mas ainda existem.

COMO É SER MULHER EM UM AMBIENTE DE TRABALHO MASCULINO?

A gente tem uma psicóloga na Federação que nos acompanha e eu aprendi isso desde cedo. Entrei na arbitragem tinha uns 16 anos, então eu tive que aprender desde cedo. Eu fui aprendendo com o tempo. Ser mulher nesse ambiente é bem complicado, porque é uma quantidade mínima de meninas, no meio de muitos homens. Por exemplo, aqui no Ceará, nós temos duas meninas trabalhando pela CBF e temos mais três da Federação Cearense de Futebol.

QUAL A PREPARAÇÃO ANTES DO JOGO?

Antes de entrar no jogo a gente tem o aquecimento dentro do vestiário. O nosso árbitro, ele faz uma preleção, faz uma conversa do que vai acontecer nesse jogo.

COMO SE MANTÉM CALMA NA HORA DO JOGO?

A gente tem o trabalho com a psicóloga da Federação, que nos acompanha já tem uns três ou quatro anos, mas eu fui aprendendo dentro de campo mesmo a me controlar e a ser paciente.

QUAIS SUAS REFERÊNCIAS?

No futebol tenho a Eveline Almeida, árbitra cearense que foi Fifa.

O QUE DIRIA PARA QUEM QUER ATUAR NESSA ÁREA?

Para as meninas que querem atuar, o que eu tenho a dizer para elas é que tem que se esforçar muito, porque o preconceito ainda existe, tem que treinar, ler a regra, porque não é fácil ser mulher no meio de um mundo machista 

 

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