Há quatro anos, Luana Magalhães, 27, se aventurou na “vida de concurseira”. Fez provas de três concursos, passou há um ano para ser tradutora e intérprete de Língua Brasileira de Sinais da Universidade Federal do Ceará. Mas ela não parou de tentar.

Formada em Direito, Luana atualmente estuda para algum concurso nessa área, está à espera de um edital. “Antes de ingressar na faculdade eu já tinha a pretensão de focar em concursos públicos. É tanto que meu foco não são bancos nem polícia. São tribunais, seja federal, estadual e mais com Defensoria Pública, Ministério Público etc.”

Na rotina de estudos, a servidora pública utiliza ferramentas modernas como canais no YouTube de concurseiros, mas conta já ter passado pelos tradicionais cursos presenciais e hoje foca em cursos online. “É algo extraordinário porque tem alguns com preços mais acessíveis, dá para baixar o material, interagir com o professor em videoaulas e assistir a qualquer momento”, conta sobre as aulas virtuais.

Para o coordenador do Curso Professor Gustavo Brígido, Gleidson de Castro, os cursos presenciais ainda são indispensáveis na preparação dos alunos, principalmente para quem está iniciando no mundo dos concursos. “É nesse ambiente que a pessoa vai entender as particularidades de um concurso público e a partir daí vai ganhando experiência. Os cursos online têm uma desvantagem para quem não tem disciplina porque precisa de uma rotina rigorosa, de você parar e sentar para estudar”, diz.

A ferramenta dos cursos é essencial para que o aluno se atualize com os professores sobre os materiais e as disciplinas. “O erro é ficar de seis meses a um ano estudando errado. Ele acaba perdendo tempo porque estuda uma matéria que não cai, um material desatualizado”, destaca Giovanna Carranza, diretora de cursos online do Curso Prime. Segundo ela, o material de um ano atrás para um concurso já pode estar desatualizado hoje porque podem ter sido criadas novas exigências e retiradas outras. “Além disso, é bom fazer muito simulado, o que vai ajudar a avaliar o tempo de prova da pessoa, se ela realmente tem a produtividade necessária, como está em cada disciplina e identificar onde está errando mais”, completa Giovanna.

Mas nem só de professores vive o concurseiro. Quem entende de concurso concorda que é importante que o indivíduo tenha engajamento e compromisso para além das aulas. “Nesse período aprendi uma coisa: a teoria tem que ter, óbvio, mas o mais importante é a prática de resolver o máximo de questões possíveis.

Isso facilita até contra a ansiedade e o nervosismo. Treino difícil, jogo fácil”, comenta Luana.

Trabalhar o emocional deve inclusive entrar na rotina do concurseiro.

Giovanna conta que muitos dominam muito bem a parte teórica, mas esquecem a parte emocional no dia da prova e acabam ficando nervosos, dá o famoso branco. “Quando a pessoa estuda para um concurso, surge a incerteza e isso causa uma ansiedade, o que pode acabar criando um ambiente hostil, de conflitos internos, o que atrapalha o desempenho”, diz. Ela sugere a procura de coaches, psicólogos e assessorias para ajudar os estudantes. “80% do resultado de um indivíduo depende da emoção”, diz.

Afinal, como deve ser a organização de estudos para concursos? Primeiro, é importante estudar com antecedência. Giovanna destaca que não tem um padrão, mas alguns concursos pedem sim mais tempo de estudo. “Para cargos como tribunais e Receita Federal, concursos mais complexos, precisa no mínimo de um ano a dois anos de preparação. Não vai estudar para um Tribunal de Justiça da vida quando sair o edital”, recomenda.

Isso é o que tem feito Luciana Brito, 27. Formada em Administração, Luciana se prepara para o concurso do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que, apesar de não ter saído edital ainda, ela já vem estudando devido às “notícias de que esse ano é o mais próximo de ocorrer”. “Estou me baseando no último edital. Peguei todas as matérias, estou lendo o Vade Mecum, estudando a legislação de lá e estudo por materiais de outros concursos que eu comprei. Quando sair o edital, eu vou ver as matérias que permanecem e me basear por aí”, conta. Luciana é concurseira há cerca de um ano e já tentou seis concursos em vários estados do Brasil. 

DICAS

1 Veja qual área você quer trabalhar e estudar sobre. Se é administrativa, policial, fiscal, bancos etc. Depois procure quais concursos vão sair dentro dessa área.

2 Com o concurso em mente, procure um cursinho preparatório presencial ou online para você se capacitar. O ideal é fazer isso o quanto antes.

3 Procure ver com seu professor materiais atualizados, como apostilas e vídeos. Os materiais de concursos mudam muito porque vão criando novas exigências e deixando outras. Fique atento.

4 Converse com outros concurseiros para pegar dicas, para achar e ler os editais, na hora dos estudos e no momento da prova.

5 Prepara-se psicologicamente também. Procure profissionais que podem te ajudar a ficar mais tranquilo.

6 Faça os concursos mesmo que aparentemente você não passe. Valerá a pena só pela experiência de ir ao local, saber como é o tempo de prova e avaliar seu desempenho para próximas vezes.