Equipamentos e técnicas para manipular o som, desde preparação até mixagem. A proximidade do engenheiro de som e produtor cearense Yury Kalil, 42, com a música vem de longa data, mas foi quando se mudou para São Paulo que construiu carreira. A produção musical dele roda o Brasil em discos de Arnaldo Antunes, Marcelo Jeneci, Otto, Pitty e Céu, por exemplo. Integrante do Cidadão Instigado (efeitos e PA), ele agora trabalha em home estúdio no Centro de Fortaleza. “Na hora de produzir o que mais vale é o eu know-how de como fazer a coisa e o bom gosto. Todo momento é uma questão de decisão”, sublinha.
A mixagem e os efeitos de som realizados por Yury têm destaque nacional. Aos 11 anos, aprendeu a tocar bateria, a outra vertente profissional. “Eu tinha acabado de prestar vestibular, tocava bateria, mas não vivia disso. Eu já fui (a São Paulo) determinado”, relembra. A necessidade de ter um sustento, aliada ao estudo, deu-lhe as ferramentas para expandir a narrativa dele na música.
A gravação de demos de toda a cena underground paulistana, o aprendizado dia e noite, e um pequeno estúdio até o convite, em meados dos anos 1990, para o Mosh, o maior do ramo. “Ali foi tipo minha faculdade, foi onde eu realmente aprendi”. O Totem criado lá foi trazido para a capital há cerca de quatro anos.
O engenheiro de som acompanha o progresso da tecnologia digital, sem perder a habilidade com o analógico. Para quem quer fazer carreira nessa área, Yury divide a trajetória pessoal. “Tecnicamente ficou mais fácil, o cara pode produzir num laptop. Agora, a questão é viver disso, se você não tem nome no mercado, não é famoso, é mais complicado. Então, tem que começar por algum lugar, trabalhar com produtores, seja qual for o seu cargo, é um bom caminho”, compartilha.
Amanda Araújo
MULTIMÍDIA
Confira o vídeo de Yury Kalil na playlist Perfil Profissional do O POVO:
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MOVIMENTO MUSICAL
QUAIS AS HABILIDADES OBRIGATÓRIAS PARA SER UM BOM ENGENHEIRO DE SOM E PRODUTOR?
COMO VOCÊ SE MANTÉM ATUALIZADO?
Há uns 15 anos o digital vem dominando o mercado, apesar de eu ter tudo isso aqui analógico, eu há muito tempo também fui para o digital. Então, eu me mantenho atualizado sempre estudando. Eu nunca paro de comprar cursos interessantes na parte digital. Então, é sempre novidade, técnicas novas, coisas novas para se aprender, e isso aí eu acho que não vai parar tão cedo.QUAIS AS REFERÊNCIA PARA O SEU TRABALHO?
Eu tenho algumas inspirações, meus super-heróis não são, na verdade, os grandes artistas, são os grandes produtores. Admiro os engenheiros de som que eu trabalhei, eu acho os dois maiores do Brasil, o Luis Paulo Serafim, Flávio Sena, Marcelo Claret foi meu professor, é do Instituto de Áudio e Vídeo. Como produtor, o Liminha, vários produtores são minhas referência, daqui e de fora também do país.O QUE DIRIA PARA QUEM QUER ATUAR NA ÁREA?
É interessante, eu acho realmente o seguinte: quem fica parado não vai conseguir muita coisa. Nos dias de hoje, pós-internet, como tudo mudou nesse mercado, quanto mais a pessoa interagir e procurar, for atrás, vai ter mais chances. O mercado hoje é muito mais complexo, tem muito mais opções do que antigamente. Antigamente você tinha uma carreira e um caminho, “ah, vou procurar o maior estúdio do país e é isso”. Hoje, não mais. O cara tem que se antenar, tentar interagir com o máximo de gente possível, existem muitos festivais, muitos eventos, muita, muita informação. Você tem que sair batendo na porta, correr atrás do trabalho.