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Uma franquia para chamar de sua
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Uma franquia para chamar de sua

Empreendedores jovens falam os desafios de criar e tocar uma franquia, com inteligência e responsabilidade
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Henrique Nóbrega é franqueador da escola de programação e robótica Ctrl+Play (Foto: CAMI)
Foto: CAMI Henrique Nóbrega é franqueador da escola de programação e robótica Ctrl+Play

Franquia é uma alternativa para quem busca abrir um negócio com muito mais segurança, graças à marca consolidada e ao potencial ganho em escala. No Brasil, o faturamento do franchising (estratégia utilizada para replicar o negócio em outros mercados) cresceu 7,1% em 2018. Para 2019, os franqueadores podem esperar melhora de até 10% no faturamento, de acordo com as estatísticas da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

O cenário é promissor e, de olho nas vantagens desse modelo de negócio, muita gente jovem investe no sonho de empreender a partir da compra e até abertura de uma franquia. Alguns aspectos para fazer a empresa funcionar são unânimes: capital, estudo e trabalho duro. Claro, há riscos, mas com a consultoria e a coragem necessárias, os franqueadores e franqueados garantem uma boa receita ao fim do mês.

Expectativa de 2019

FATURAMENTO 8 a 10%

UNIDADES 5 a 6%

REDES 1%

EMPREGOS 5%

Fonte: ABF

% Participação por Segmento (Unidades) no NE

Investimento - R$ 200 mil

Retorno do investimento - 14 a 24 meses

Faturamento médio - R$ 35 mil a R$ 55 mil

Margem de lucratividade - 25% a 35%

O ensino de tecnologia para as crianças

Aos 30 anos, o engenheiro da Computação paulista Henrique Nóbrega toca um negócio que deu origem a 35 franquias no País, em 11 estados - uma delas é no Ceará, em Fortaleza. Com cursos destinados a crianças e adolescentes, as unidades da escola de programação e robótica Ctrl Play têm uma margem de lucratividade entre 25% e 35%. A primeira delas, aberta em agosto de 2015 como um Minimum Viable Product (MVP), teve capital inicial de R$ 50 mil, mas todo o retorno financeiro foi aplicado de volta no negócio e hoje o investimento das franquia é de R$ 200 mil.

A escola nasceu do sonho de Henrique de empreender e, consequentemente, alcançar o sucesso profissional."O jovem de hoje em dia, essa geração Y, que eu até me enquadro, quer crescer mais rápido. Eu vi que ali (empresa privada na qual trabalhava), para crescer na forma que eles estavam propondo, eu tinha que me encaixar e aceitar que eu teria um caminho muito mais longo".

Antes de se lançar de vez no empreendedorismo, Henrique manteve a rotina de trabalho e, no tempo livre, pesquisava negócios na área de tecnologia. Criou um modelo relacionado também à experiência pessoal com projetos sociais, em que pode ver "o brilho nos olhos das crianças", por exemplo, em uma oficina de criação de aplicativos. "Hoje eu vejo que nosso forte é a parte pedagógica, nós temos um material didático de qualidade, um curso muito bom,ferramentas sempre muito atualizadas", explica.

Apesar do know-how de Henrique na área de programação, ele lembra que um franqueado não precisa, necessariamente, ter formação técnica na área. "Temos muitos empresários de áreas diversas, advogados, engenheiros, administradores. A gente olha o perfil dele como empresário, tem que ser aquela pessoa que vai querer fazer acontecer e que tenha capital para investir", analisa.

 

Tipo de Negócio - Educação e tecnologia

Investimento - R$ 200 mil

Retorno do investimento - 14 a 24 meses

Faturamento médio - R$ 35 mil a R$ 55 mil

Margem de lucratividade - 25% a 35%

ESTRATÉGIAS

1

Estudar o segmento (ele levou mais ou menos um ano nessa fase) e questionar: Faz sentido para a sua vida?;

2

Observar o ponto, aluguel e demais gastos;

3

Trabalhar muito, literalmente, por muitas horas: "Eu não trabalho menos do que 12 horas por dia, fui ter fim de semana depois de dois a três anos".

Presença dentro do negócio de alimentação

A empresária cearense Ingrid Queiroz, 31, já passou pelos setores de advocacia e de construção civil até assumir a franquia do Divino Fogão na Cidade, há cerca de três anos e meio. Nesse tempo, já tornou-se franqueada master Norte-Nordeste da marca. "As lojas dependem muito do faturamento, do perfil de consumidor, se é uma loja que tem mais volume de venda, mais organizada, é claro que ela vai ser mais cara". A nova unidade dentro do shopping Del Paseo, por exemplo, custou quase R$ 1 milhão.

Ela decidiu sair do ramo da construção civil devido às baixas nas vendas e, sem experiência no segmento de alimentação, buscou contato com quem tinha expertise. "Minha primeira quebra de paradigma foi quando eu decidi sair do Direito, morava em Nova York, vim para Maracanaú construir casa. A gente tem que estar aberto às oportunidades e saber aproveitá-las, eu não sabia nada de obra, aprendi com quem sabia, os pedreiros. Aqui foi do mesmo jeito, identifiquei nas lojas os melhores profissionais, quem eram os melhores gerentes, quem era o melhor cozinheiro, quem eram os melhores franqueados, quem vendia mais, e fui atrás deles para me ensinassem."

E o principal, segundo ela, é conhecer bem o público interno e o externo. "Tem que estar presente rodando, operando e vendo as dificuldades. Esse negócio da pessoa que colocou o dinheiro estar distante, aquela pirâmide, é obsoleto, quanto mais próximo você estiver das pessoas, quanto mais empatia tiver, melhor. Eu sei a história de vida de cada um, isso que faz tocar o coração e faz eu dar as costas e estar tudo rodando", considera.

Embora o modelo de franquias seja destaque pela segurança, Ingrid reitera que o próprio franqueado também tem o dever de ser proativo. "Ele recebe o projeto, o treinamento, mas ao mesmo tempo que as franquias têm estrutura, o franqueado não vai ficar ligando para você para saber se você tem um problema. Você trabalha nos moldes da franquia, mas precisa trabalhar em conjunto, ser também um ponto de partida de mudança", completa.

Tipo de Negócio - Alimentação

Investimento - Cerca de R$ 900 mil (dependendo do tamanho da loja)

Retorno do investimento - 12 a 24 meses

Faturamento médio - R$ 150 mil

Margem de lucratividade - 20% a 22%

 

ESTRATÉGIAS

1

Organizar bem a agenda diária, com foco no resultado;

2

Delegar tarefas com qualidade: "Tenho um braço direito em cada loja, preparo (gerentes) para que tenham capacidade de tomar decisões no meus parâmetros";

3

Separar duas horas do dia para pensar/pesquisar novas ideias

KALIL FARAH
KALIL FARAH

Modelos de operação diversos

Kalil Farah, 31, largou a faculdade de Direito para montar o próprio negócio com amigos e, de franqueado da pizzaria Vignoli passou a sócio-diretor da marca. "A partir da compra em 2014 da primeira franquia, a loja Sul, apareceu a oportunidade de comprar outras unidades. Logo depois vimos a necessidade de se fundir com o Cláudio Vignoli e depois se tornar um grupo. Recentemente ele decidiu sair e entrou o irmão de um dos sócios", diz.

Ao todo, são 18 unidades da marca, contando fábrica e delivery, mas dessas, seis são franquias e as demais são lojas próprias ou geridas em modelo de sócio-operação. "O modelo de franquia é padrão, cedemos propriedade da marca e o know-how para a pessoa explorar. A gente se preocupa para não ter problema de ineficiência, e o franqueado ficar chateado com a situação. É um trabalho de formiguinha, acompanhar se está com a quantidade correta de funcionários para o metro quadrado, se está condizente com o faturamento pelo preço do aluguel, sistematicamente conversar com eles", explica ele.

O protocolo para seleção de novos franqueados é muito bem detalhado. "Nosso foco hoje é abertura de lojas próprias com sócio-operação, mas temos franquias desde que os pré-requisitos estejam muito alinhados, o dono deve ter um mínimo discernimento do negócio em si", acrescenta.

Um aspecto fundamental, na visão de Kalil, é entender a dinâmica do local. "A franquia dentro do RioMar se pagou em oito meses, a do Iguatemi em um ano e pouco, tenho também (loja) que se pagou em 22 meses". E também buscar especialização. "Eu já venho de uma família de empresários, sempre quis ter um negócio, tinha uma construtora pequena, aprendi na marra e evolui com o tempo, com cursos, enfim. Muito novo fiz o Empretec (do Sebrae), que abriu muito a minha cabeça", descreve.

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