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pra que serve o manguezal?
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pra que serve o manguezal?

Uma importante ferramenta nos debates sobre manguezais é a valoração econômica ambiental
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Rio Acaraú (Foto: divulgação)
Foto: divulgação Rio Acaraú

O manguezal é um ecossistema costeiro característico de regiões tropicais de todo o mundo. É caracterizado pela presença de espécies vegetais típicas que crescem em ambientes abrigados, banhados por águas salobras ou salgadas, com reduzida disponibilidade de oxigênio e substrato inconsolidado. Esses ambientes apresentam diversas funções naturais de grande importância ecológica, dentre as quais se destacam a proteção da linha da costa, serem filtro biológico e a sustentação da cadeia alimentar costeira. Servem como área de refúgio, alimentação e reprodução para muitas espécies animais, incluindo as de valor econômico. Entretanto, a intensa utilização dos recursos naturais ameaça a sua existência.

Mas afinal, por que devemos preservar o manguezal? Uma importante ferramenta nos debates junto aos tomadores de decisão e, que nos ajuda nesse entendimento, é a valoração econômica ambiental. Ela permite identificar e quantificar, as contribuições dos serviços ecossistêmicos para o bem-estar das comunidades humanas, considerando os valores de uso direto (madeira, recursos pesqueiros) e indireto (regulação climática, proteção contra erosão), presente e no futuro, assim como os valores de não uso (legado e existência). Assim, pesquisas indicam que os manguezais mundiais valem US$ 42 bilhões por ano enquanto os manguezais do Piauí e Ceará somariam de 16.000 a 91.000 (ha/ano).

Nesse contexto, não podemos abrir mão desse recurso e devemos utilizá-lo de maneira consciente, sem comprometer as necessidades das gerações futuras e em consonância com a legislação ambiental vigente. Assim, qual o papel dos manguezais no desenvolvimento regional? Promover o desenvolvimento equilibrado por meio da disponibilização de bens e serviços básicos em condições de acesso razoável para toda a população onde quer que resida.

A pesca artesanal, esportiva e de subsistência é permitida, desde que se evite a sobrepesca, a pesca de juvenis, de espécies no defeso, em extinção ou de fêmeas ovadas. Merece destaque, o caso do caranguejo-uçá, vendido nas caranguejadas às quintas-feiras no Ceará. Patrimônio imaterial do Estado, a espécie leva até três anos para atingir a maturidade sexual e atualmente, os manguezais cearenses não sustentam mais o mercado local, já que a pesca predatória e em períodos de proibição é realizada largamente. Formas de cultivo sustentáveis, como de ostras e algas, podem ser alternativas uma vez que não preveem a construção civil ou o desmatamento e ainda, não alteram a qualidade da água. Cultivo de plantas ornamentais ou de abelhas para produção de mel são viáveis, utilizando espécies nativas.

Ao destruir, fragmentar ou degradar nossos manguezais estamos perdendo importantes recursos e mais que isso, perdemos nossa história.

Rafaela Camargo Maia

Doutorado em Biologia Marinha

Professora do IFCE, campus Acaraú

Responsável pelo Laboratório de Ecologia de Manguezais - Ecomangue

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