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QUEM TRABALHA com os PEQUENOS
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QUEM TRABALHA com os PEQUENOS

O universo infantil, apesar de imerso no lúdico, requer muita qualificação e comprometimento
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FORTALEZA ,CE, BRASIL 20-02-2019: Natash Macial, 26 , Atriz e Cantora que trabalha com crianças . (Gustavo Simão/ Especial para O POVO) (Foto: Gustavo Simão)
Foto: Gustavo Simão FORTALEZA ,CE, BRASIL 20-02-2019: Natash Macial, 26 , Atriz e Cantora que trabalha com crianças . (Gustavo Simão/ Especial para O POVO)

Aos 10 anos, a atriz e cantora Natasha Maciel já atuava em um grupo de teatro na escola. O contato com outros grupos e, especialmente, com o teatro musical, veio quando entrou na escola e produtora Blitz Intervenções. "Tinha acabado de começar a Blitz Kids, foi quando iniciei essa jornada no universo infantil. Surgiu o projeto autoral da Blitz, que se chama os TacTacs, personagens super fofos, super divertidos, que brincam de imaginar e, a partir disso, tudo vira música".

Das artes à saúde, carreiras em áreas diversas exigem competências específicas quando os profissionais atuam no segmento infanto-juvenil. Por exemplo, um médico pediatra deve conhecer as doenças que acometem os pequenos, em geral bem diferentes daquelas comuns nos adultos. Um professor de ensino infantil conhece, melhor do que ninguém, o ritmo de aprendizado das crianças as quais acompanha. Não só isso, mas embora as possibilidades de um profissional interessado em lidar com crianças sejam múltiplas, um aspecto fundamental é a sensibilidade.

Para Natasha, 26, o mais divertido do trabalho com crianças é aprender o tempo inteiro. "São sempre coisas novas, novas maneiras de fazer as mesmas coisas, criança está sempre com a cabeça a mil, mas se eu for pensar em algo de aprendizado seria sobre disponibilidade de estar ali para ouvir a criança. Ao mesmo tempo que tem aquela criança que interage, que vibra, pula, também tem aquela que é mais quietinha e, às vezes, essas duas crianças não deixam de estar ali em nenhum momento. Não é um trabalho que você faz por fazer", explica.

Essa delicadeza é um parâmetro na sala de aula da professora do 5º ano do Ensino Fundamental, Ananda de Almeida Santos, 24. Antes de entrar no curso de Pedagogia, ela lembrou da mãe, também professora, e do ambiente escolar, onde se sentia bem. "Trabalhar como professora das séries iniciais não é tarefa fácil. Uma vez que você lida com vidas em formação, com vidas em constante desenvolvimento e com crianças em uma única sala, mas que possuem características próprias e formas de ser totalmente diferentes, é necessário um olhar diferenciado e bastante discernimento. É necessário que haja um bom diálogo e um vínculo afetivo", descreve.

Para além da sensibilidade, a compreensão das crianças é realizada com estudo, e o professor precisar escrever com uma grafia correta e legível. "Estudar autores como Wallon, Piaget, Vygotsky, Emilia Ferreiro, Luckesi, Paulo Freire, Ana Teberosky e muitas outras feras, foi essencial para minha formação. A prática fez toda a diferença no meu profissional, pois muito alunos possuem bastante teoria, mas uma prática limitada. O ideal é aliar a teoria com a prática. Dessa forma, a assimilação das informações e a construção de conhecimentos, que realmente serão significativos durante o exercício do trabalho, ocorrerão de forma bem mais satisfatória. E foi assim que eu fiz!".

O estudo constante nunca sai da rotina, destaca Elaine Xavier Prestes, do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que exerce a profissão desde a residência em 1986. "Além de toda a característica humanística necessária, precisa ser capacitado, tem a formação de seis anos em Medicina e mais três anos de especialização em pediatria. A gente costuma dizer que criança não é adultinho, não dá para dar meia ampola, um quarto de comprimido, mesmo com doenças iguais (às do adulto), as crianças mostram características próprias", frisa.

Muitas questões identificadas na infância são importantes para o desenvolvimento das pessoas ao longo da vida. A professora do curso de Enfermagem da Uece, Natana Abreu de Moura, aconselha aos profissionais que gostariam de se voltar ao atendimento de crianças e adolescentes empatia e cursos de especialização. "A enfermagem se volta bastante para o cuidado, desde questões de crescimento e desenvolvimento da própria criança, peso, altura, à questão de comportamento, déficit de atenção, dificuldade de obedecer e cumprir regras estabelecidas", enumera.

E sem gostar do público infantil, claro, fica impossível manter-se na área. "Eu sou muito feliz em trabalhar no meio infantil, eu acho que se você não gostar, não houver amor naquilo que você faz, é melhor não fazer, principalmente quando você lida com uma coisa que é tão delicada e tão forte, criança é muito cheia de energia, muito cheia de vida, muito cheia de fôlego", completa Natasha.

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