O Governo volta a se movimentar em torno da obra do Acquario Ceará. De acordo com o titular da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur), Arialdo Pinho, estudo está sendo pelo Estado para avaliar os custos de uma nova obra. O secretário, inclusive, sinalizou que o equipamento, cujas obras foram iniciadas em 2011 e acumulam histórico de impasses, poderá ganhar nova funcionalidade. A notícia foi antecipada pelo O POVO na edição de ontem, na coluna do jornalista Jocélio Leal.

Segundo Arialdo, a expectativa é que o Governo retome as obras do Acquario, paralisadas desde 2015, em 2020, com a iniciativa privada. A ideia é que o parceiro para o novo projeto seja encontrado até o fim deste ano.

 "Essa é uma movimentação do Governo no sentido de encontrar uma saída para o projeto do Acquario. Estamos estudando o que pode ser feito e avaliando por quanto deve sair uma obra. Daqui a 30 a 45 dias tomamos a decisão quanto ao novo projeto", diz o secretário.

Perguntado sobre de onde viriam os recursos para dar continuidade aos serviços, ele não revelou se o Estado deve realizar algum aporte. "Ainda estamos fazendo estudos. E só depois vamos analisar como levantar a quantia necessária. Estamos vendo essas duas questões, em paralelo". Conforme Arialdo, esse é um levantamento econômico diferente do que foi feito pelo Grupo Dias Branco, que estudava firmar parceria público-privada (PPP).

Conforme publicado na coluna Jocélio Leal, a ideia do Governo do Ceará é mudar o desenho e a finalidade do equipamento, que deixaria de ser um aquário. O empreendimento passaria a ter espaços de realidade virtual e coleções de fósseis oriundos do Geopark Araripe, o primeiro das américas reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Assumindo um papel de museu, o novo projeto transformaria o Acquario num expositor das riquezas naturais do Ceará. A ideia é vista como positiva pelo arquiteto e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Romeu Duarte.

Ele opina que o início do projeto do Acquario foi realizado de maneira equivocada, por ter sido feito separado da academia e modelado para algo parecido com parques aquáticos da Flórida, nos Estados Unidos, "coisa que hoje é muito negada pelos ambientalistas do mundo inteiro, por submeter os animais a estresse". Para ele, o Acquario poderia ser um espaço de pesquisa oceânica, de fauna, flora e biodiversidade marinha.

Outro ponto observado elo professor é que o viés histórico do espaço deve ser valorizada no novo projeto, como foco, por exemplo, em arqueologia marinha e em realização de pesquisas acadêmicas. "É preciso trabalhar esse assunto pelas vias da ciência e da cultura, e não por uma visão turística de araque com que esse Acquario foi trabalhado desde o início", critica Romeu.

O titular da Secretaria do Turismo de Fortaleza (Setfor), Alexandre Pereira, diz que espera pela concretização para explorar o potencial turístico da região, agregando ao trabalho já realizado pela Prefeitura na requalificação do bairro por meio de diversas ações de urbanização.

"Ainda não é na velocidade que queremos, mas os resultados estão aparecendo. Na última semana, foram inauguradas lojas, hotéis. A finalização do projeto do Acquario significaria o coroamento das ações de resgate daquela área da Praia de Iracema", observa.

Já os moradores do Poço da Draga, que ao longo desses anos tiveram permanência no local de origem da comunidade ameaçada, levantam coro pela utilização do espaço para construção de espaço de cultura e arte.

CUCA

O Conselho de moradores do Poço da Draga quer que a estrutura já erguida para o Acquario Ceará seja transformada em um Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca). Em consulta nas redes sociais, a ideia teve grande engajamento da comunidade, com mais de 500 comentários a favor