A possibilidade de estados e municípios serem reinseridos na reforma da Previdência ainda não foi descartada. Para isso, no entanto, governadores terão que se posicionar, defende o relator Samuel Moreira.

"Se eles acham que é possível estar nessa reforma, se é esse o desejo deles, que venham para o texto principal com seus aliados porque há disponibilidade total deles serem incluídos no plenário", disse.

Para o presidente Jair Bolsonaro, a maior responsabilidade recai sobre os governantes nordestinos. "Os governadores, em especial do Nordeste, de esquerda, têm que votar a favor. Até há pouco tempo eles queriam que fosse aprovada a reforma com voto contrário deles", afirmou.

Professora de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, Monalisa Soares considera coerente com o discurso adotado por Bolsonaro desde o início da gestão esta responsabilização. "Há uma linguagem de colocar as dificuldades para os opositores, para os que são identificados como inimigos políticos. E os governadores do Nordeste sempre se colocaram nessa posição", argumenta ela.

As críticas feitas por estes governantes a ações do Governo Federal, assim como a contraposição, inclusive através de cartas abertas, a diversos pontos da própria reforma da Previdência os colocam como alvo deste discurso, para evitar, assim, dizer "que estão com desafios na sua base aliada".

"O problema está na base do presidente e em quem está disposto a votar a reforma, o centrão", explica. "Mas o governo não pode dizer isso porque seria admitir que, depois de tanto tempo, ainda existam fissuras". Prova disso foi a ameaça da bancada de policiais do PSL de não votar a reforma caso as demandas da classe não sejam atendidas.

A votação do parecer na comissão especial deve ocorrer hoje e há acordo entre as lideranças partidárias para que não se apresente destaques com o objetivo de dar celeridade à votação. Rodrigo Maia disse estar "otimista para concluir a votação da Previdência na Câmara ainda no primeiro semestre".