Após mais de uma hora e meia de reunião durante a tarde de ontem, a executiva e os deputados estaduais do PDT decidiram que a legenda entrará no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) contra o deputado estadual André Fernandes (PSL). A sigla se somará ao PSDB que, mesmo sendo oposição ao governador Camilo Santana (PT), protocolou a mesma representação contra o parlamentar.

Além disso, o deputado estadual Nezinho Farias (PDT) adiantou que processará Fernandes pelas afirmações. Os dois procedimentos serão levados a cabo na próxima segunda-feira, 24. Na última semana, o parlamentar do PSL levou denúncia ao Ministério Público do Ceará (MPCE) em que associa e-sports (jogos eletrônicos) ao jogo do bicho.

Isso porque Nezinho apresentou Projeto de Lei para regulamentar os e-sports. Conforme alegou Fernandes, o pedetista, com isso, estaria auxiliando a expansão de uma facção criminosa que teria no jogo do bicho uma das fontes de renda. Ao O POVO, na edição de ontem, o pesselista afirmou que não fez a denúncia, apenas a encaminhou.

Presidente estadual do PDT, o deputado federal André Figueiredo não quis comentar o que espera para Fernandes em termos de punição. A gradação da pena, ele afirmou, ficará a cargo do Conselho de Ética. Censura verbal ou escrita, suspensão e cassação estão entre as possibilidades.

"Ele imputou fatos muito graves, mas também acusou de forma generalizada a Assembleia. Se eu pudesse dar uma sugestão, diria para que procurasse uma assessoria jurídica que pudesse defendê-lo nesse processo."

Figueiredo qualificou como natural o PSDB ter tido a mesma conduta. "Todos os partidos que têm representação dentro da Assembleia devem se sentir atingidos", opina o parlamentar.

Nezinho, por sua vez, ressalta que desde o início do mandato o aliado de Bolsonaro tem feito acusações descabidas a colegas de Parlamento e já merecia ter sido submetido a alguma penalidade.

"(A acusação) Bota a gente num risco de vida, porque quando direciona a algum tipo de facção... Eu não conheço que facção é A, B ou C e posso estar na hora errada ou no canto errado. Sei lá se vão pensar que a gente era ou não de alguma facção", desabafou.

Procurado por O POVO para repercutir a ação dos partidos, Fernandes limitou-se a escrever "segunda as 10hrs no meu gabinete", em referência à ocasião em que dará entrevista coletiva.

VOTO

À época da tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), André Fernandes votou a favor do projeto proposto por Nezinho.