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Levy pede demissão do BNDES após críticas de Bolsonaro
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Levy pede demissão do BNDES após críticas de Bolsonaro

| SAÍDA | Depois de seis meses de uma gestão marcada por atritos com o governo e funcionários do banco de fomento, Joaquim Levy deixa presidência do órgão
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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, entregou pedido de desligamento do cargo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, na manhã de ontem. Levy foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro no sábado, 15, em função da nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento.

"Falei para ele: Levy, demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo Guedes (ministro da Economia)", afirmou o presidente." "Levy está com a cabeça a prêmio há algum tempo", continuou Bolsonaro. Barbosa Pinto trabalhou como assessor do BNDES durante o governo Lula, de 2005 a 2007, o que irritou Bolsonaro. No entanto, o próprio Levy foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.

Os seis meses de Joaquim Levy à frente do BNDES foram marcados por atritos tanto com o Governo Federal quanto com os funcionários da instituição. Desde que Levy foi indicado para o cargo, em novembro do ano passado, ainda na transição de governo, estava sinalizado que sua missão seria reduzir ainda mais o tamanho do banco. Diante da pressão nos dois lados, a instituição ficou em compasso de espera, sinalizando que daria prioridade para infraestrutura, mas com o anúncio de poucas medidas concretas.

Embora Bolsonaro tenha elevado o tom no sábado, o principal atrito com o governo era mesmo com a equipe econômica. A tensão veio à tona no início de março, quando Guedes declarou que o BNDES teria que devolver R$ 126 bilhões dos recursos tomados com o Tesouro Nacional e disse, sobre Levy: "Não sei se ele quer, mas vai ter de devolver".

O presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PR-AM), afirmou que a demissão de Levy joga contra os interesses do País. Embora reforce que não haverá impacto na tramitação da reforma, Ramos disse que o episódio desconsidera o fato de que há quadros capazes de contribuir com qualquer governo.

"O presidente Bolsonaro não entendeu que alguns quadros são suprapartidários. Eles não contribuem com um ou outro governo. Contribuem com o País", disse Ramos.

O cientista político Rafael Cortez avalia que a saída de Levy do BNDES não deve ter impacto sobre a reforma da Previdência. No entanto, mesmo com eventual aprovação, dificilmente haverá retomada considerável da confiança. Isso porque esse tipo de acontecimento tende a atrapalhar a perspectiva de avanço de uma agenda liberal mais ampla de longo prazo.

"O efeito da saída é menos importante na agenda da reforma da Previdência e muito mais nos sinais da política econômica como um todo. O destino da reforma está mais associado ao Legislativo e menos em relação ao papel do presidente da República", diz.

 

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