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Falta de recursos põe em risco obras do Cinturão das Águas
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Falta de recursos põe em risco obras do Cinturão das Águas

Dívida de quase R$ 40 milhões e falta de verba quase paralisa a obra essencial para chegada das águas do São Francisco no Ceará
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OBRA do Cinturão das Águas que levará as águas da Transposição do Rio São Francisco a açudes como o Castanhão (Foto: Júnior Pio/Agência Assembleia/Divulgação)
Foto: Júnior Pio/Agência Assembleia/Divulgação OBRA do Cinturão das Águas que levará as águas da Transposição do Rio São Francisco a açudes como o Castanhão

A data da chegada das águas do Rio São Francisco ao Ceará é aguardada na mesma proporção que foi adiada por diferentes governos nos últimos anos. Contudo, tão importante quanto as barragens cearenses receberem a água vinda da Transposição é a possibilidade de distribuição para todo o Estado.

É exatamente isso que está em risco com a quase total paralisação das obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), estrutura complementar à da Transposição que será responsável por receber e distribuir as águas, inclusive para o açude Castanhão, maior reservatório do Estado.

"Sem o CAC, não adianta a Transposição para o Ceará", resume Antônio Lucena, diretor de Águas Superficiais da Superintendência de Obras Hidráulicas do Governo do Estado. Para finalizar o trecho emergencial, que liga o Riacho Seco ao Castanhão, são necessários R$ 166 milhões. Desses, quase R$ 40 milhões são pagamentos atrasados.

Os outros R$ 126 milhões devem ser utilizados para finalizar os 2% que faltam para o trecho poder carregar as águas do São Francisco para o Castanhão. Contudo, não há perspectiva de que esses recursos serão destinados para o Cinturão.

Desde o início de 2019, houve uma diminuição de 71% dos repasses federais para o CAC. Secretário de Relações Institucionais da Casa Civil, Nelson Martins relata que em anos anteriores a União repassava "entre R$ 20 e R$ 30 milhões".

"Nós estamos com quase seis meses e só vieram R$ 10,6 milhões no total", afirma. No mesmo período do ano passado, as obras já tinham recebido R$ 100 milhões. O número de trabalhadores também teve queda. Enquanto no primeiro semestre de 2018, 2.700 pessoas trabalhavam no CAC, agora apenas 170 prosseguem na construção.

"A obra aqui se encontra em um patamar tal que não pode parar no presente momento, nós temos que fazer todos os serviços pendentes para a integridade e seguridade da obra", explica Lucena. Com a paralisação dos trabalhos, há riscos de colocar o que já foi construído em risco, por problemas como erosão por conta do tipo de solo da região, cita o técnico.

O gestor apresentou a situação das obras a deputados estaduais em visita a Missão Velha, no Cariri, onde fica o canteiro central. Antes, os parlamentares estiveram em Penaforte, nas obras de uma das barragens da Transposição no Ceará. Lá, conversaram com técnicos do Ministério do Desenvolvimento Regional responsáveis pelo Eixo Norte da obra.

Com a liberação de crédito suplementar pelo Congresso, R$ 150 mi serão utilizados para a finalização do Eixo Norte e, assim, as águas do "Velho Chico" têm nova data para chegar ao Ceará: 20 de fevereiro de 2020. No Castanhão, caso as obras do trecho emergencial do CAC sejam concluídas, as águas chegariam em maio.

"Já são seis prazos que não são cumpridos", lembra Guilherme Landim (PDT), um dos articuladores da visita. "Nós vamos trabalhar todo dia para que a obra termine e que a gente possa ver a água chegar no Ceará", completa.

*a repórter viajou a convite da Assembleia Legislativa do Ceará

Comitiva

Participaram da visita os deputados Antônio Granja, Augusta Brito, Guilherme Landim, Marco Sobreira, Nezinho, Nizo Costa, Nelinho e Walter Cavalcante, além do secretário Nelson Martins.

Almoço

No intervalo entre as visitas, parlamenta-res comentaram as recentes declarações do deputado André Fernandes a respeito de estar no PSL por esse ser o "menos pior" entre os partidos, mas que preferia não ter legenda.

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