Os presidentes dos Três Poderes articularam ontem, durante café da manhã, a assinatura de um "Pacto pelo Brasil". No Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro recebeu, acompanhado de ministros, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.
A assinatura ocorreu dois dias após as manifestações em favor de Bolsonaro. Os atos tiveram como principais alvos o bloco de partidos do Centrão, Rodrigo Maia e os ministros do STF. Na prática, Toffoli propusera esse acordo em fevereiro.
Na reunião, Bolsonaro disse não concordar com os ataques ao Legislativo e ao Supremo, embora tenha estimulado as mobilizações e declarado, ainda no domingo, que os protestos davam um recado "às velhas práticas" da política porque elas não deixam o povo se "libertar".
Maia afirmou que consultará todos os líderes da Câmara antes de assinar o "Pacto pelo Brasil". Durante o café, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou o pedido para a votação da reforma da Previdência. Argumentou, no entanto, que só isso não basta para tirar o País da crise. Foi então que Bolsonaro aproveitou a deixa e destacou a importância de uma agenda de medidas microeconômicas para melhorar, por exemplo, a concessão de créditos.
Toffoli classificou o pacto como fundamental para o atendimento das demandas da população e marcará "um novo tempo" nesse relacionamento. "A assinatura desse compromisso mostra que os três Poderes estão imbuídos da necessidade de destravar o Brasil para retomar o crescimento e a geração de empregos", disse o ministro. Ele afirmou que o encontro não foi marcado por cobranças a Bolsonaro, após as manifestações de domingo "O ambiente foi muito tranquilo. O encontro foi descontraído e produtivo. Não temos conflitos institucionais", observou.
O conteúdo do documento será divulgado em duas semanas. Uma versão que vazou à imprensa diz que os Poderes pregam "um novo momento de convivência e de assertividade pelo progresso e pela paz do povo brasileiro". O texto apresenta cinco propostas que, na visão dos chefes de Poderes, podem resultar no desenvolvimento e na prosperidade. Os temas classificados como prioritários são a reforma da Previdência, a modernização do sistema tributário, a desburocratização das rotinas administrativas, a repactuação federativa e o combate aos crimes, à corrupção e aos privilégios.
O senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) criticou o que chamou de "picuinhas" entre Governo, Congresso e STF e defendeu o pacto. "O País com um número recorde de desempregados, andando de lado e as instituições aqui fazendo picuinha entre si. Mais do que esperar, é necessário que haja essa colaboração urgente entre as instituições", declarou. (Agência Estado)