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Indefinições políticas impactam alta do dólar e queda da Bolsa
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Indefinições políticas impactam alta do dólar e queda da Bolsa

| DIA DE TENSÕES | O dólar encerrou a R$ 4, em dia marcado por protestos e problemas na condução política, além de externos entre China e Estados Unidos
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Considerado um dos dias do ano com maior tensão para o governo Bolsonaro com os protestos contra os cortes na educação, o cenário de pressão se refletiu no mercado. O índice Ibovespa chegou a 90.294 pontos ontem, no menor nível desde 3 de janeiro, logo após a abertura, o dólar bateu R$ 4 e a B3 caiu 0,51%. Mas os principais fatores que impactaram foram a guerra comercial no Exterior, com o acirramento das negociações entre China e Estados Unidos, e os acontecimentos políticos internos, marcados por mais incertezas sobre a aprovação de reformas.

A volatilidade do mercado também é explicada por uma série de resultados negativos para o panorama econômico do Brasil, que foram divulgados nos últimos dias. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,68% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao ano anterior, o que mostra que o País parou de crescer desde o ano passado. Além da redução de expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2019, para 1,5%.

"Mudanças abruptas nos números demonstram contexto de instabilidade, de insegurança e de incertezas no nosso ambiente interno. Está existindo uma deterioração das expectativas econômicas e políticas no País", aponta o professor de Economia Internacional da Universidade de Fortaleza (Unifor) e vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), Ricardo Eleutério.

Os problemas podem ser bem mais profundos se a alta do dólar persistir durante maior tempo, segundo o assessor de investimentos, Thomaz Bianchi, que acredita em cenário de incerto no curto prazo para o Brasil.

"Acredito que a situação seja pontual, mas se o dólar chegar a crescer afetará a inflação, com cenário preocupante. Vai pressionar a lucratividade das empresas e gerar ainda mais desemprego e empresas vindo a quebrar, num cenário extremo", complementa.

Ele ainda diz que os mais prejudicados devem ser aqueles que têm dívidas em dólar, mas o consumidor deve ver no dia a dia as variações de valores. "Reflete principalmente no preço dos produtos em dólar, que são muitos. Provavelmente, o quantitativo do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que é bem sensível nessa variação e importante, porque define o reajuste de aluguéis, por exemplo".

Mestre em Relações Internacionais e Ação no Estrangeiro pela Université Paris Panthéon-Sorbonne, Philippe Gidon avalia que o avanço da reforma da Previdência no Congresso deve ser decisivo para a normalização do padrão econômico.

"Até que ponto esse governo tem poder de convencer parlamentares para a segui-lo dentro de um prazo cada vez mais curto. Pois se não conseguir êxito, será criada uma decepção no mercado e na sociedade".

Apesar da variação no dólar comercial, Breno Cysne, diretor de operações da Sadoc Corretora de Câmbio, aponta que os efeitos não foram sentidos no valor do dólar turismo, que fechou o dia em R$ 4,12. O alto valor faz com que viagens internacionais fiquem mais caras neste momento. "Essa insegurança no mundo acaba gerando fluxo financeiro para países de moeda mais fortes, como o dólar, euro e libra esterlina", explica Bianchi.

 

Economia do Ceará cresce

A economia do Ceará cresceu no primeiro trimestre deste ano, enquanto a do País caiu. De acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, o Estado apresentou variação positiva de 1,76% entre os meses de janeiro e março de 2019. Já os números nacionais tiveram queda de 0,68% em igual período.

Em março, o Ceará evidenciou salto de 2,31% na comparação com igual mês do ano anterior. Foi na contramão o Brasil, com -2,52%. Na comparação do primeiro trimestre de 2019 com período imediatamente anterior (outubro, novembro e dezembro), nota-se leve queda tanto na atividade cearense (-0,03%), quanto na brasileira (-0,28%).

O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da economia, auxiliando o BC a decidir sobre a taxa básica de juros no País (taxa Selic). O indicador foi criado para tentar antecipar, por aproximação, a evolução da atividade econômica, incorporando informações sobre o nível de operação dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos. (Wanderson Trindade/Especial para O POVO, com Agência Brasil)

Causas para a instabilidade

MERCADO INTERNACIONAL

Guerra comercial entre China e Estados Unidos, que persiste após vários meses de sanções e boicotes.

Indefinição sobre o acordo que pode definir a saída da Grã Bretanha da União Europeia (UE), o Brexit, após votações na câmara de representantes, não foi concluída decisão sobre o tema.

As sanções sobre o mercado iraniano impostas pelos Estados Unidos, que impactam no preço do Petróleo como também de outros produtos.

MERCADO INTERNO

Indefinição sobre a reforma da Previdência, que atualmente tramita na Comissão Especial formada na Câmara dos Deputados com pouco poder de permanecer sem alterações devido ao pouco apoio do Governo.

Primeiro dia de protestos contra o governo Bolsonaro no Brasil, que foram motivados por cortes na educação e mobilizaram milhares de pessoas em várias cidades do País.

As seguidas quedas da previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. Ponto que teve impacto negativo para investidores foi a previsão do Itau-Unibanco, em que

a expectativa de crescimento do PIB seria próximo de 2%.

 

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