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Governo tem desafio de apaziguar militares e olavistas
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Governo tem desafio de apaziguar militares e olavistas

| PLANALTO | Brigas internas exigem de Bolsonaro (PSL) capacidade de administração interna. Além da avaliação de estudiosos, políticos falam sobre Olavo de Carvalho e os generais do Governo
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GENERAL Santos Cruz tem sido alvo de críticas pela ala olavista do Governo (Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil)
Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil GENERAL Santos Cruz tem sido alvo de críticas pela ala olavista do Governo

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) dizer que a divisão entre militares e olavistas não existe no Governo Federal, demonstrações de atrito entre as alas se deram desde o último fim de semana e se estenderam ontem.

 Dessa vez, a briga foi protagonizada pelo principal ideólogo do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, e um dos membros do núcleo militar do Planalto, o ministro da Secretaria do Governo, general Santos Cruz.

A desavença entre os dois se iniciou quando o militar, em entrevista concedida à Jovem Pan, ainda em abril, opinou que deveria haver legislação que desse conta das "distorções e os grupos radicais" da internet.

Carvalho, em tom de ironia, questionou se os eleitores do Bolsonaro votaram para "ter uma internet 'disciplinada' pelo governo, ou para ter uma política de segurança pública inspirada por entidades como Viva Rio e movimento LGBT". Ele mesmo respondeu: "o Santos Cruz está contra nós, contra o presidente, contra o Brasil".

Considerada principal voz do militarismo atual, o ex-comandante do Exército Brasileiro, general Villas Boas, classificou Carvalho como "Trótski de direita", que acentua divergências nacionais quando o momento nacional pede coesão.

Cientista político pela Universidade de Mackenzie (SP), Rodrigo Prando diz que a pergunta que se impõe hoje é se Bolsonaro quer, de fato, apaziguar a gestão. Ele pensa que não. Crê que a instabilidade virou o método de governar do presidente.

Isso, raciocina o estudioso, o mantém em evidência e deixa a "chama da militância acesa". O capitão reformado se depara, contudo, com um "porém": a possibilidade de distanciamento ou abandono do núcleo militar. "Figuras que podem ser importantes para o Governo pelo comprometimento e capacidade técnica". Outra chance, lembra, é a queda de popularidade entre o eleitor antipetista, que não é, necessariamente, bolsonarista, mas escolheu Bolsonaro nas urnas.

Por quanto tempo militares "ficarão calados" é o questionamento que faz o doutor em Ciência Política pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Clayton Cunha Filho. "Em algum momento, perseguindo essa toada em que um vereador do Rio de Janeiro (Carlos Bolsonaro), só por ser filho, tem mais espaço para influenciar a agenda do governo, é difícil imaginar que esse setor aguente muito tempo", comenta.

O braço direito de Bolsonaro no Ceará, o deputado federal Heitor Freire (PSL), limita-se a afirmar que "respeita muito" Santos Cruz e Carvalho. "Acho que ambos estão fazendo uso de sua liberdade de expressão". Sobre as costumeiras alegações da oposição, que classificam o Governo de atrapalhado, o pesselista avalia não ser surpresa que este grupo torça contra o Brasil. "Estão sempre pensando apenas nas próximas eleições".

Opositor, o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT-CE) entende que o presidente não tem capacidade intelectual para se prevenir das intervenções do filósofo autodidata. Ele relata que se surpreendeu com a capacidade técnica de militares com os quais conversou, ao passo que Moro (Justiça) e Guedes (Economia) ainda não mostraram a que vieram.

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