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Ministro do STF censura matéria que envolve Dias Toffoli
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Ministro do STF censura matéria que envolve Dias Toffoli

| Crusoe| Revista está proibida de manter no ar reportagem intitulada "amigo do amigo do meu pai". Medida se estende ao site O Antagonista
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 Dias Toffoli, presidente do STF, e Alexandre de Moraes, que deu a sentença em seu favor (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil  Dias Toffoli, presidente do STF, e Alexandre de Moraes, que deu a sentença em seu favor

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou à revista "Crusoé" e ao site "O Antagonista" que retirem do ar imediatamente a reportagem intitulada "amigo do amigo de meu pai", que cita o presidente da Corte, Dias Toffoli. A revista repudiou a decisão e denunciou o caso como censura. Alexandre impôs ainda uma multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência.

"Determino que o site O Antagonista e a revista Crusoé retirem, imediatamente, dos respectivos ambientes virtuais a matéria intitulada 'O amigo do amigo de meu pai' e todas as postagens subsequentes que tratem sobre o assunto, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, cujo prazo será contado a partir da intimação dos responsáveis. A Polícia Federal deverá intimar os responsáveis pelo site O Antagonista e pela Revista Crusoé para que prestem depoimentos no prazo de 72 horas", ordenou.

 Na decisão, Alexandre de Moraes cita o inquérito aberto por Dias Toffoli, em março, que a "existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi, que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares, extrapolando a liberdade de expressão".

O site informou que a reportagem tem como base um documento que consta dos autos da Operação Lava Jato. O empresário Marcelo Odebrecht encaminhou à Polícia Federal explicações sobre codinomes citados em e-mails apreendidos em seu computador em que afirma que o apelido "amigo do amigo do meu pai" refere-se ao ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo.

Conforme a reportagem, no e-mail, Marcelo tratava com o advogado da empresa - Adriano Maia - e com outro executivo da Odebrecht - Irineu Meireles - sobre se tinham "fechado" com o "amigo do amigo". Não há menção a dinheiro ou a pagamentos de nenhuma espécie no e-mail. Ao ser questionado pela força-tarefa da Lava Jato, o empresário respondeu: "Refere-se a tratativas que Adriano Maia tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do Rio Madeira. 'Amigo do amigo de meu pai' se refere a José Antônio Dias Toffoli". Toffoli era o advogado-geral da União entre 2007 e 2009, no governo Luiz Inácio Lula da Silva.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse não ter "dúvida de que é censura, mas vai além da censura", ao comentar a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Falando ao site O Antagonista, ele acrescentou que "no momento em que (a decisão), além de interditar a publicação, convoca os jornalistas a depor na Polícia Federal. (Significa que) Já estão respondendo a inquérito", acrescentou.

De acordo com ele, que é militar da reserva, ao se sentir atingido, Toffoli deveria acionar o Ministério Público. "O camarada está sendo tudo, é julgador e investigador." (das agências)

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