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"Ou sobrevive o capitalismo, ou o mundo", diz professor
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"Ou sobrevive o capitalismo, ou o mundo", diz professor

| DEBATE | Filósofo Marildo Menegat lançou obra A Crítica do Capitalismo em Tempos de Catástrofe
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 Professor da UFRJ e Filósofo, Marildo Menegat (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação  Professor da UFRJ e Filósofo, Marildo Menegat

"O capitalismo é um relógio girando no pulso de um morto". É assim, com prognóstico muito pouco otimista, que o filósofo Marildo Menegat destaca a necessidade de uma crítica radical ao sistema econômico de maior vigência no planeta. "No ritmo de hoje, humanidade em breve terá que fazer uma escolha: ou sobrevive ela, ou sobrevive o Capitalismo", afirma.

De passagem pelo Ceará no último fim de semana, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) participou de uma série de lançamentos do livro A Crítica do Capitalismo em Tempos de Catástrofe. Na obra, o autor propõe uma mudança radical de sistema, negando as concepções atuais de política e até de Estado.

"Os neoliberais afirmam que não querem o Estado. É mentira, no momento em que a economia vai mal e as crises cíclicas voltam, são os primeiros a correrem atrás dele. É preciso desenvolver uma crítica radical que rompa com esse ciclo vicioso de destruição", disse, em conversa com O POVO no último sábado.

Sem poupar nem mesmo os regimes socialistas existentes hoje e antes da queda da URSS - que ele classifica como "capitalistas de Estado" -, Marildo destacou que o processo de crises do sistema, que ocorrem ciclicamente desde o "crack" da bolsa de Nova Iorque em 1929, têm ficado mais frequentes e, a cada novo ciclo, os desafios postos aos trabalhadores ficam mais intensos.

Ele destaca o impacto dessas mudanças e crises no crescimento da violência urbana dos grandes centros econômicos, que passaram a ter números de "Guerra Civil". "A sociedade não só vai se armando e armando o Estado, como as epidemias de violência se espalham em todo o tecido social", diz, alertando ainda o impacto dessa violência até na ecologia do planeta como um todo.

 "Desde a Segunda Guerra Mundial ficou muito evidente que o potencial de destruição do ser humano já é maior que o planeta pode suportar (...) estamos num quadro histórico em que esse processo de crises se acelera e se apresenta com devastadora intensidade", afirma.

Afirmando que o próprio sistema é coberto de contradições que impossibilitam uma mudança interna real, o professor chama a atenção pelo atual processo de endividamento cada vez maior das principais potências econômicas mundiais.

"Veja a China, que era o grande exemplo de crescimento e que, que em poucos anos, acumulou dívidas que passam em várias vezes seu Produto Interno Bruto, com um crescimento cada vez menor. Isso é um processo que vem acontecendo há décadas, e que alguma hora essa bolha irá estourar. As consequências disso nós já conhecemos", diz.

Marildo Menegat veio ao Ceará em convite do grupo Crítica Radical.

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