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Olavo de Carvalho pede que aliados deixem o governo Bolsonaro
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Olavo de Carvalho pede que aliados deixem o governo Bolsonaro

| POLÊMICA | Depois de dizer que o governo Bolsonaro "está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo", o ideólogo pediu que seus ex-alunos deixassem o Planalto
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Um dia depois de o filósofo Olavo de Carvalho recomendar que seus alunos que mantinham cargos no Governo de Jair Bolsonaro (PSL) pedissem exoneração, ao menos oito nomes podem ser demitidos ou deslocados na Esplanada.

As informações foram citadas por Silvio Grimaldo, ex-assessor especial do Ministério da Educação (MEC). No Facebook, Grimaldo afirmou que o "expurgo de alunos do Olavo de Carvalho do MEC é a maior traição dentro do governo Bolsonaro que se viu até agora".

Mais adiante, ele escreveu que nem as "trairagens do (Hamilton) Mourão ou do (Gustavo) Bebianno chegaram a esse nível", referindo-se a dois dos principais adversários dos "olavistas" na gestão Bolsonaro: o agora ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, demitido após desentendimento com um dos filhos do chefe do Executivo; e o vice, general Mourão, cujas declarações frequentemente divergem das do presidente.

Ainda na quinta, Olavo, que tem ascendência sobre Bolsonaro e chegou a indicar ao menos dois ministros para o Governo (Ricardo Vélez Rodríguez na Educação e Ernesto Araújo no Itamaraty), manifestou-se no Twitter.

Na rede social, disse que jamais gostara da "ideia de meus alunos ocuparem cargos no governo, mas, como eles se entusiasmaram com a ascensão do Bolsonaro e imaginaram que em determinados postos poderiam fazer algo de bom pelo país, achei cruel destruir essa ilusão num primeiro momento".

Noutra postagem, o ideólogo escreveu, porém, que não poderia se calar mais. "Todos os meus alunos que ocupam cargos no governo", acrescentou, "deveriam, no meu entender, abandoná-los o mais cedo possível e voltar à sua vida de estudos".

E complementou: "O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles". O recado tinha endereço claro: o vice Mourão, com quem Olavo vem alimentando uma diatribe desde a transição de Michel Temer (MDB) para Bolsonaro.

Menos de 24 horas depois das postagens, Grimaldo relatou os "expurgos" e informou que não tinha sido "expulso do MEC". Segundo ele, durante o Carnaval, "fui avisado por telefone de que perderia minhas funções no gabinete e seria transferido para a Capes, onde deveria enxugar gelo e 'fazer guerra cultural'".

Lá, de acordo com Grimaldo, ocuparia cargo que "era apenas um prêmio de consolação pelos serviços prestados, uma política comum com os que se tornam indesejados" no MEC. "Dada a absurdidade da proposta", continuou, "não vi outra saída senão comunicar ao ministro meu desligamento e pedir minha exoneração, que deve sair nos próximos dias".

Até o fim da noite de ontem, o MEC não havia se posicionado sobre esses rumores. O desgaste interno da gestão Bolsonaro numa de suas pastas mais sensíveis começou quando do episódio da carta do MEC às escolas, poucas semanas atrás. Por meio de circular, Vélez sugeriu que os alunos fossem filmados cantando o Hino Nacional e entoando o slogan de campanha de Bolsonaro.

A ação, concebida pela ala "olavista", foi malvista sobretudo pelo grupo dos militares, que tentam dar condução menos ideológica ao ministério.

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