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Preço por quilo do feijão carioca dobra em 65 dias
Economia

Preço por quilo do feijão carioca dobra em 65 dias

| COM BASE NA CEASA MARACANAÚ | O valor maior se reflete nos seis supermercados visitados pelo O POVO, em Fortaleza. Safra menor e custo do frete impactam
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EM 65 DIAS, o valor do feijão aumentou na Ceasa, com destaque para o tipo carioquinha. (Foto: Gustavo Simão/ Especial para O POVO) (Foto: Gustavo Simão)
Foto: Gustavo Simão EM 65 DIAS, o valor do feijão aumentou na Ceasa, com destaque para o tipo carioquinha. (Foto: Gustavo Simão/ Especial para O POVO)

Item indispensável na cesta básica do brasileiro, o feijão carioca - um dos mais consumidos - dobrou o preço do quilo vendido na Central de Abastecimento (Ceasa) de Maracanaú, na passagem de 1º de janeiro até ontem. O aumento já chegou à mesa do cearense. O POVO pesquisou o valor do quilo do grão em quatro supermercados e observou oscilação de até 22,7% entre as marcas.

Além da Ceasa, foram levantados dados no Cometa (Dionísio Torres), G-Barbosa (Aldeota), Pão de Açúcar (Bairro de Fátima,) Mercadinhos São Luiz (Cambeba), Extra e Supribem, ambos na Avenida Aguanambi. O tradicional carioca pode ser encontrado por R$ 6,89 (Kicaldo) no Cometa. Mas é na Ceasa onde o quilo mais barato é vendido (R$ 6,80). O analista de Mercado Atacadista da Ceasa, Odálio Girão, destacou que a comercialização anterior era praticada a R$ 3,40.

"A maioria da produção vem do Paraná e Minas Gerais, e as colheitas foram bem reduzidas", explica. Ocorre que a previsão de uma safra menor neste ano pode puxar a alta. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, de janeiro, aponta colheita de 2,92 milhões de toneladas do feijão em 2019. A quantidade é 1,5% inferior ao contabilizado em 2018. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O economista Alex Araújo acrescenta que o alimento também depende do fornecimento local. Quando há compra de outros estados, o frete pressiona o aumento no custo final. Ele pondera que a possibilidade de diminuição da safra nacional ainda não tem efeito direto sobre o preço praticado no Ceará.

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"Isso pode significar que continuará muito alto. É muito em função da oferta, que já foi incorporada ao custo do frete e pode ter esse impacto", analisa. Ainda é necessário, porém, esperar o resultado da quadra chuvosa para saber se haverá saldo positivo ou negativo na produção agrícola no Ceará. "O número da colheita no Brasil não leva em conta as variações locais do feijão e milho, que tem muito a ver com a nossa agricultura", acrescenta.

Na Ceasa, o tipo do grão preto saltou de R$ 4 para R$ 5 no período. Essa variedade foi encontrada mais em conta no Supribem, da marca Parceria (R$ 4,49). O mais caro era vendido no Extra, por R$ 8,35, da Kicaldo.

Já o feijão de corda não era vendido na maioria dos pontos de venda visitados. Dos três estabelecimentos pesquisados, o Cometa tinha a melhor oferta, vendendo a R$ 3,59 (Precioso). No G-Barbosa o valor era de R$ 4,59 (Kicaldo).

Fora do carrinho de compras da professora Claudenildes Monteiro Rocha, 64, o feijão, para ela, tem apresentado um "preço bem salgado", disse enquanto pesquisava na última sexta feira. A percepção é a mesma para o aposentado José Paulo da Silva, 71. "Disparou tudo. Quando é assim, enquanto comprava cinco, agora, compro dois. Coloca mais água no feijão e umas verduras".

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o feijão teve variação de 28,63% em janeiro último, em Fortaleza. O número é o terceiro maior entre as capitais brasileiras, atrás de Belém (37,54%) e Goiânia (31,55%).

Outros vilões da cesta que também pesam no orçamento

O feijão preto e o tomate sofreram aumento de 25% no valor do quilo na Ceasa de Maracanaú. Foram os maiores percentuais após o dobro de preço do feijão carioca.

Em seguida, aparece a cenoura com alta de 17,80%, a banana (11,10%) e a batata inglesa (2,30%). Todos os percentuais foram analisados na comparação com os valores observados em 1º de janeiro até ontem na Ceasa de Maracanaú.

Paulo Matos, doutor em Economia e professor de Finanças no Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen-UFC), explica que a alta nestes produtos tem como principal fator a questão agrícola.

"Não é algo relacionado à demanda, mas, sim, com a oferta. A minha leitura é que o problema na oferta desses alimentos forçam o preço", destaca, citando as questões climáticas e de colheita.

Em janeiro, o consumidor comprava o quilo do feijão preto a R$ 4 na Ceasa. Hoje, paga-se R$ 5. O mesmo ocorre com o tomate, agora, também vendido a R$ 5. A batata inglesa apresentou menor oscilação, aumentando R$ 0,10.

No setor supermercadista, conforme o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado ontem, as maiores altas, já em janeiro, foram nos seguintes itens: feijão (11,88%), cebola (5,60%) e batata (3,51%). Nos preços da cesta Abrasmercado o Sudeste teve maior salta, 0,93%, chegando a R$ 453,81, seguido do Nordeste, com alta de 0,95% e R$ 419,70.

 

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