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A sala de aula vai à rua para gritar que "Ditadura nunca mais"
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A sala de aula vai à rua para gritar que "Ditadura nunca mais"

| Aula-ato | Professores de História e sobreviventes da ditadura militar se reuniram a dezenas de pessoas para lembrar golpe militar
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Ato teve aula de História sobre a Ditadura, ontem, na Praia de Iracema  (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES Ato teve aula de História sobre a Ditadura, ontem, na Praia de Iracema

Antiga sede da Polícia Federal, o prédio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) foi abrigo forçado de Rosa da Fonseca durante pouco mais de dois anos durante a ditadura militar.

Ontem, ela e outros ex-presos políticos, assim como militantes que precisaram viver na clandestinidade, narraram suas histórias a um público que, sentado e de pé, acompanhava a aula-ato "Silêncio Nunca Mais: história, memórias e canções", na Praia de Iracema.

"Sempre a gente tem marcado essa data, mas esse ano tem um significado especial, porque é uma verdadeira aberração ter um governo defendendo algo que já foi condenado pelo mundo todo e que está comprovado que foram milhares de pessoas presas, perseguidas, censura, desaparecidos, mortos, torturados, exilados", enfatiza Rosa da Fonseca, também uma das lideranças do movimento Crítica Radical.

Entre as falas daqueles que viveram o período, professores de História se intercalavam explicando mais sobre o que representou o golpe militar e a ditadura que duraria 21 anos e deixaria marcas profundas no País. "As nossas salas não couberam o que nós vamos contar. A história não está na sala de aula, a gente precisa ocupar todos os espaços", explica Paulo Airton Damasceno, professor de História e um dos organizadores do evento.

"O nosso objetivo é manter essa memória, mostrar que a luta pela democracia custou a vida de muita gente para que possamos afastar esse pensamento que defende a ditadura", completa Samanta Forte, professora de História da rede estadual e também à frente da aula-ato.

O engenheiro civil Carlos Augusto viveu dez dos 75 anos de vida como se fosse outra pessoa. Forçado a viver na clandestinidade por conta da perseguição política por parte dos governos ditatoriais, ele se divide entre a preocupação pela 'comemoração' do golpe militar autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro e o otimismo com aqueles que ouviram atentos o seu relato.

"Uma coisa que a gente sente é que o espírito de defesa da democracia contra a ditadura é um espírito muito forte. O fato dele ter orientado os quartéis a se manifestar, a comemorar o golpe militar como sendo uma salvação do País, isso levou a toda essa disputa de narrativa e é uma disputa que eles estão perdendo", afirma confiante.

A disputa pela narrativa também é ressaltada pela professora do ensino básico, Anna Karina Cavalcante. " A narrativa dele, presidente fascista Jair Bolsonaro, é bem diferente da narrativa do povo brasileiro. Você ter mais de 20 mil pessoas torturadas, então não é qualquer coisa", ressalta. Marcar a data do golpe militar é necessário por ser "uma página da história do Brasil que a gente ainda não virou, uma página construída com muito sangue", completa.

Nascido depois da redemocratização de 1988, o músico João Victor Queiroz, de 18 anos, conhece a ditadura através do contar de familiares que viveram o período. Mas considera uma oportunidade para quem é jovem "ter contato com esse passado que a gente não viveu, mas que influencia até hoje a nosso modo de viver". "É importante lembrar, para saber como foi, e para que não se repita. Um erro do passado que não pode acontecer no futuro ou no presente", diz.

 

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