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Reforma de militares é um 'abacaxi', diz líder do PSL
Politica

Reforma de militares é um 'abacaxi', diz líder do PSL

| PREVIDÊNCIA | Anúncio do relator do texto na CCJ era previsto para ontem, o que não ocorreu. Nas redes sociais, Jair Bolsonaro afirmou que "no fundo, não gostaria de fazer a reforma"
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DEPUTADO FELIPE Francischini, presidente da CCJ 
da Câmara, disse que cronograma está mantido  (Foto: Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados)
Foto: Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados DEPUTADO FELIPE Francischini, presidente da CCJ da Câmara, disse que cronograma está mantido

Líder do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, o deputado delegado Waldir (GO) criticou duramente o projeto encaminhado pelo governo que trata da reestruturação das carreiras das Forças Armadas e da aposentadoria dos militares. "O governo nos mandou um abacaxi e não temos como descascá-lo com os dentes. É preciso nos dar a faca", disse.

O deputado atribuiu a esse desgaste o adiamento da indicação do relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O presidente do colegiado, Felipe Francischini (PSL-PR), havia dito que anunciaria o nome ontem, mas pela manhã o partido informou que aguardaria explicação do Ministério da Economia sobre o texto dos militares.

A principal crítica se dá à inclusão da reestruturação da carreira, que prevê reajuste de salários de algumas patentes militares, criação e ampliação de gratificações e extensão de um adicional de 10% a generais da reserva.

Waldir criticou parte do projeto. Segundo ele, era esperada uma economia muito maior, mas a reestruturação fez, na verdade, subir o gasto. A ideia inicial era que as mudanças pudessem trazer economia de R$ 97 bilhões. Porém, a reestruturação terá um custo de R$ 86,8 bilhões. O ganho fiscal líquido será de R$ 10,45 bilhões em dez anos.

Para Waldir, o descontentamento do Congresso ampliou as dificuldades do governo. Outro fator de ruído é a falta de diálogo com os parlamentares. "Não tive nenhum diálogo com representantes do governo sobre o projeto dos militares. Não participamos da festa, da construção dessa proposta. Meu gabinete está de portas abertas a qualquer horário", disse.

Para Waldir, será inevitável que a Câmara faça modificações no texto. "Ou o governo faz as mudanças como queremos ou deixa a Câmara fazer. Nesse caso, ele tem de assumir que deu tratamento diferenciado a uma categoria." O líder do PSL afirmou que, somente assim, o partido poderá entregar 54 votos a favor da reforma.

Waldir avaliou que a ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, à CCJ na semana que vem não é suficiente para apaziguar os ânimos dos parlamentares. Para ele, o ministro e a equipe econômica deveriam se empenhar mais para estabelecer uma relação com os líderes partidários.

Pela manhã, Francischini afirmou que o início da discussão da reforma na Câmara depende do governo se organizar para montar uma estratégia de atuação na Casa.

Dentro da CCJ ainda não há um líder do governo indicado para conduzir as negociações com a base, a oposição e os independentes. "O governo tem falado muito da questão da celeridade. Não parece que há hoje indício de o governo querer essa celeridade tão grande." Francischini negou que o seu cronograma será afetado, mantendo a previsão de que a proposta pode ser votada em 3 de abril. (Agência Estado)

Apoio de deputados

O Governo tem, até o momento, pelo menos 180 deputados dispostos a aprovar a reforma, desde que sejam feitas mudanças no texto apresentado ao Congresso, aponta levantamento do jornal O Estado de S. Paulo. Desse total, apenas 61 votariam a favor sem sugerir alterações. Os principais pontos de rejeição são aposentadoria rural e pagamento do benefício assistencial a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

 

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