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Como crise, os respectivos lados se bastam
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Como crise, os respectivos lados se bastam

CIRO mantém certo distanciamento da esquerda clássica  (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima CIRO mantém certo distanciamento da esquerda clássica

Breve resumo do que de principal ocorreu no debate político da esquerda nesta semana:

"Fui agredido, caluniado, atropelado pelas costas por essa canalha da cúpula do PT". A frase é de Ciro Gomes (PDT).

Ele falou ainda de forma direcionada a Gleisi Hoffman: "Ela é a chefe. Ela e o marido estão enrolados em tudo".

Gleisi respondeu: "Ciro Gomes é um coronel oportunista ressentido e covarde".

Na direita, a situação vem quente desde a semana passada e já rendeu demissões no Ministério da Educação que ultrapassam a conta dos dedos de uma mão.

A face mais visível da briga está nas redes sociais do "guru" Olavo de Carvalho.

Ele bate nos militares: "Os generais estão tão corrompidos por dentro que, entre o amigo que lhes diz verdades duras e a mídia que mente contra eles, ficarão com esta última".

O alvo preferido é ninguém menos que o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB): "O maior erro da minha vida de eleitor foi apoiar o general Mourão". Mourão foi indagado sobre as críticas e respondeu mandando um beijinho.

Olavo também bateu na base parlamentar de Jair Bolsonaro (PSL). "Praticamente todos os que se elegeram para o Congresso levados pela onda Bolsonaro não hesitam em trair o presidente. Não confio em mais nenhum".

Na sexta-feira passada, quando já se desenrolava a crise no MEC, Olavo negou que o alvo fosse o ministro que indicou. "Nunca escrevi uma palavra contra o meu caro Ricardo Vélez". Nos dias seguintes, sugeriu problemas psiquiátricos ao ministro, sugeriu que ele poderia ser posto para fora e ainda recomendou ao colombiano que "enfiasse" o ministério vocês imaginam onde.

Outra coisa que o filósofo escreveu: "O tratamento que os comunistas dão uns aos outros é, em linha geral, um milhão de vezes mais nobre que o dos direitistas".

Olavo não é o único queixoso com os militares. A bancada religiosa também demonstra insatisfação com o governo Bolsonaro e cobra espaço. Na mesma linha do "guru", o foco maior de descontentamento está nos militares e em Mourão. O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse ao Correio Braziliense: "Cada vez mais, o núcleo militar afeta as nossas pautas, como a não transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém e outros fatos, como o Mourão apoiar o aborto".

No atual momento político, a esquerda e a direita não brigam uma com a outra. Estão ocupadas cada uma com sua briga interna.

As estratégias de cada lado

Os conflitos são compreensíveis e previsíveis.

Na esquerda, Ciro busca espaço próprio, tem agenda que não se confunde com a do PT e enxerga no distanciamento dos petistas o caminho para ter espaço e viabilidade.

O PT, por sua vez, não abre mão do protagonismo. Suas ambições e as de Ciro são inconciliáveis, mesmo no mais adverso cenário para a esquerda.

Já nas fileiras conservadoras, houve a união de muitas diferentes forças em torno de Bolsonaro, com objetivo de derrotar o PT. Mas, a pauta conservadora não é a mesma liberal. Os religiosos têm bandeiras bem próprias. E os militares são outro departamento.

Pacificar tudo isso é uma das mais importantes tarefas de Bolsonaro.

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